Fragmentos

Quem sou eu?! Também não sei. Mas se quiser, pode vir comigo que no caminho a gente tenta descobrir.

Só uma dica: Não tente me definir, me aprisionar em um padrão, pois estou em movimento constante. Quando pensar que está conseguindo, vai perceber que precisará apagar e começar tudo de novo. E talvez seja sempre assim.

Sou o quebra-cabeça mais complicado e também o jogo mais divertido quando quero.

Não sou cristal. Sou vidro. Daquele tipo bem ruim e barato que quando cai não quebra e se quebra, dá para juntar, reciclar os caquinhos e fazer uma nova peça.

Sou cheia de manias e vontades. Contudo, não passo por cima de ninguém para conseguir o que quero.

Mesmo sendo pequena, consigo ocupar bastante espaço.

Tenho uma necessidade imensa de criar vários personagens por dia, um especial para cada situação. Mas cara, esta só tenho uma.

A boca pode até proferir palavras podres. Em compensação, o coração é limpo e a alma está lavada.

Não nasci para ser mestre nem discípulo. Apenas para ser amiga e caminhar lado a lado.

Cansei de brincar de polícia e ladrão. Também não quero ser mais mocinho nem bandido, pois descobri que no final é sempre a mesma coisa. Porém, se for esconde-esconde, estarei sempre pronta.

Quando procurar e não me achar, estarei deitada no chão, olhando as estrelas ou desvendando o formato das nuvens. Naquele mesmo local, onde nunca sinto o tempo passar. Só não conta pra ninguém, tá?! É segredo! E também poderia acabar com a graça da brincadeira.

Adoro roda gigante, pois foi onde aprendi o valor de estar em cima e também de estar em baixo.

Tem horas em que sinto vontade de devorar a vida e em outras um enjôo inexplicável.

Quando, as vezes, tudo parece perdido é exatamente na minha bagunça que consigo me encontrar.

Sempre caio no meio da rua e em tentação. Falo mal e reclamo de tudo e de todos. No fim, acabo vendo que na verdade estava falando de mim.

Mudei, mas não cresci. Aquela menininha que antes via no espelho, talvez sempre vá me perseguir.

Já fui vítima de julgamentos bem piores que os da “Santa” Inquisição, fui condenada e quase queimada na fogueira. Quando realmente tive alguma culpa , ninguém viu ou quis prestar atenção.

Os verdadeiros amigos cabem na palma da mão, mas são suficientes para me ajudar a conquistar o mundo.

A minha família é a maior e melhor razão para acordar todos os dias. E Deus há muito tempo deixou de ser o “Todo-Poderoso” e virou o Pai presente. Meu maior presente.

Se eu for escolher música, serão sempre aquelas que me fazem chorar (de tanta alegria ou da mais insuportável tristeza).

Não tenho cantor, banda, filme, livro, autor, fruta, comida... preferidos. Já tentei. Não consigo. Não sou boa em preferir, nem em nenhuma outra coisa.

Conseguiu descobrir quem eu sou?

Nem eu.

Infelizmente (ou felizmente) estes são apenas alguns fragmentos da pessoa que hoje vejo em mim. E amanhã... Amanhã é outro dia e, com certeza, Deus proverá (alguém mais interessante e melhor).

Talita Souza
Enviado por Talita Souza em 05/02/2009
Reeditado em 02/05/2010
Código do texto: T1422600
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