Aprendendo a Amar
 
Já ouvi muitas pessoas dizerem: “ah, como é difícil falar de si!” Pois, eu digo de “mim”, falar de minha própria pessoa não é algo tão difícil assim, pois ninguém para conhece-me melhor do que eu mesma. Acredito que à medida que relatar experiências e discernimento sobre minha pessoa, revelarei de dentro de mim, para mim e para ti, o pouco de meu aprendizado no decorrer desta estrada da vida; porque falar de si é falar do ser humano, daquilo que tanto nos assemelha um com o outro, certamente. Em especial, nesta ocasião ao relatar sobre meu aprendizado, não poderei fazer-lo, claro, sem que eu me coloque como personagem, neste momento, principal.
 
Entrei na casa dos “entas”. Nascida sob o signo de escorpião, do ano do macaco, 1968, no dia 04 de novembro de 2008, completei meus "quarenta" (40) anos. Na ocasião não tive nenhuma inspiração para retratar o que significava completar 40 anos, porém, em minha consciência havia uma intenção, mesmo não sabendo como surgiria, ou o que propriamente eu escreveria, mas, sabia que esta nova idade muito me traria, principalmente, lembranças. As experiências de vida no decorrer dos anos a gente vai ganhando e quando se chega aos 40, estamos cientes de que a adolescência já passou e a maturidade, enfim, começa a ser sustentada por colunas mais concretas.
 
Nos meus 20 e 30 e poucos anos eu imaginava que quando chegasse aos 40 já estaria completamente madura, ou, saberia tudo sobre a vida. Então, eu recordo uma das frases que encontrei no decorrer desta vida: “o homem está sempre aprendendo...” E hoje, creio eu, este é o fundamento de todas as idades... Estamos sempre aprendendo. Nesta jornada da vida em contínuo aprendizado, e não é só isso, porque aquele que aprende também tem muito para ensinar.
 
Cheguei aos meus 40 anos, com uma alma jovem e não totalmente madura como eu imaginava; uma imensa vontade de viver, lutar, conquistar, ser feliz a cada dia, buscando dar valor a cada momento desta vida maravilhosa que Deus me deu. Agradecendo por todos os sofrimentos e provações que tive que passar para hoje eu ser a pessoa que sou. E hoje minha vida tem significado mais sólido do que antes; senti no decorrer desta jornada que os verdadeiros tesouros não são os materiais, mas sim os tesouros espirituais que vêem da alma e do coração.
 
Porque aprendi com pessoas simples e sábias que uma alma perseverante dentro das verdades divinas tudo conquista e um coração aberto para os mistérios de Deus muito recebe e muito tem a doar. Compreendi que o verdadeiro significado do amor não está em receber e sim em doar, porque quem ama é mais divino do que quem é amado, embora isso pareça tão difícil para nós seres humanos, por sermos conduzidos, quase sempre pelo ego, queremos sempre sermos amados, cobramos continuamente que o outro nos faça feliz, esquecendo que é dando que se recebe.
 
Esta é uma verdade absoluta que São Francisco nos ensina dentro da escola espiritual e para comprovar ainda mais este amor, a Bíblia Sagrada nos fala ao coração por meio da Carta que Paulo escreveu aos Coríntios: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine (...). Ainda que eu tenha tamanha fé, (...) se não tiver amor, nada serei”.
 
Contudo, observo que é muito fácil amar quem nos ama, amar o pai, a mãe, o irmão, o filho, o amigo; mas, como é difícil amar aquele que se faz nosso inimigo, quem não nos ama. Nesta ocasião mais uma lição deverá ser apreendida, pois, nos é colocado à prova nossa capacidade de amar e perdoar. Neste processo sou uma criança engatinhando, porque apesar de ter alcançado uma compreensão sobre o que é amar, eu tenho muita dificuldade em amar quem não me ama. Espero que nesta escola que é a vida, eu alcance esta dádiva divina, mas em meus 40 anos ainda não concebi esta virtude.
 
Dentro deste estudo que me deparo ao escrever este texto, compreendo algo mais... A minha compreensão me esclarece que embora saibamos o que realmente deve ser feito, temos limites para exercer com perfeição as verdades que nos possa fazer uma pessoa melhor. Testifico que mesmo compreendendo algo com tamanha clareza, praticá-lo nem sempre é tarefa fácil. Portanto, chego ao seguinte entendimento: amar é um aprendizado, e só se aprende na prática, caminhando de encontro a tudo o que é contrário ao amor, para que floresça dentro de si e seja cultivando. Dessa forma, eu afirmo: estou aprendendo a amar.