Como era bom o nosso Pelé...

Como era bom o nosso Pelé....

Corria o ano de 1961, a cidade de Joaquim Távora estava muito feliz. O Clube Esportivo e Recreativo Tavorense iria disputar o Campeonato Paranaense de Futebol profissional. Esse campeonato seria dividido em etapas. O Tavorense estaria entre as equipes do Norte Setentrião. Ao lado de Araucária, Esportiva de Jacarezinho, Ribeirão Claro, Carlopolense, Pindorama, e outros.

Os cartolas começaram a corrida atrás de craques. E no final do ano a cidade já recebia caras novas, a maioria “afros-descendentes”. Também, o rei Pelé estava no auge na sua Vila. Só sei que conseguiram até um treinador gaúcho, O “THIÊ”, com sotaque, chimarrão e tudo. Parecia o Filipão.

Este humilde narrador que já tinha 13 anos e não era muito bobo, ficou amigo do técnico, e de vez em quando ocupava uma vaga nos treinos. Para mim era um orgulho treinar no meio de tantos craques: Gancho, Kioche, Armandinho, Cidico, Bentinho, Chapa, Calil, Possati, Leonidas, Taco, Caco e outros. Acho que nem pegava na bola. Ficava só querendo aprender aqueles passes magistrais, aquelas fintas estonteantes.

Um fato curioso ocorreu na virada do ano de 1961. O time de Ribeirão Claro, cidade vizinha, tinha um negrinho que era a maior revelação daquela região. O Tiãozinho. E os nossos cartolas ficaram sabendo. O Tiãozinho iria assinar para o Clube de Ribeirão Claro.

- Nada disso! – disse o Waldemar Nicolelli, que era o dono da revenda da Brahma. Ele pegou uns amigos do Tiãozinho e correu para Ribeirão Claro e na calada da noite trouxe o rapaz para nossa cidade. Aqui ele ficou até o final de sua vida. Criou seus filhos. Ele era contador. Não foi difícil arranjar bons empregos na cidade. Depois do futebol.

Mas esse seqüestro foi um alvoroço na população de Ribeirão Claro. Tentaram até fechar a Federação Paranaense, tirar o time do campenonato, etc.

E o Tiãozinho, agora chamado de Pelé, usando a camisa DEZ, deu um banho de bola naquele campeonato de 1962. Dava gosto de ir ao estádio. Quantas saudades. Quantos gols de Pelé. Os dribles do Kioche, as tabelinhas do Maurílio com o Calil. Os pulos do Gancho, muito nos emocionaram. Nosso time ficou no terceiro lugar na classificação. Mas foi um ano só de alegrias. Depois disso nunca mais fomos profissionais de futebol. Tivemos bons times, mas como aquele CERT nunca mais.

Theo Padilha, 29 de dezembro de 2008.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 29/12/2008
Reeditado em 06/01/2009
Código do texto: T1357668
Classificação de conteúdo: seguro