...EU NÃO PRECISO FAZER SENTIDO PARA QUE COMPREENDA...

"...de repente direi tudo

mas com tanta veemência

e com tamanha aspereza

de expressão e sofrimento,

que terás minha demência

no coágulo sangrento

desabado sobre a mesa..."

ALPHONSUS DE GUIMARÃES FILHO

Antes de mais nada tire seus olhos dos meus, dessa forma você toma sutilmente todos os meus pensamentos para você. É que eu precisava te dizer como os segundos se tornam mais suaves ao teu lado, quase não escuto o tic tac eterno dentro da minha cabeça, talvez pelo excessivo bater do coração desesperado, talvez pelo desespero de quem faz bater o coração. E teu desespero não é nada diante do pouco tempo que usa da saliva para misturar com o meu suor em noite fria de incêndio. E nossas peles não queimam no inferno que criamos por termos nos tornado deuses pagãos. Os cães latem lá fora como se nos odiassem por não nos importarmos com os pudores e castigos morais que seus donos os presenteiam. É loucura quando me morde, e mastiga e me digere para poder regurgitar depois o que houver de melhor e diferente. É um pacto com o novo, com a essência da união sem o aprisionamento do velho pensar. E por enquanto continuaremos nesse canibalismo saudável, de nos devorarmos por completo, saboreando ações e pensamentos, corpo e alma, para que a vida não se finde antes de estar completa, antes de preencher o espaço de alegria a que tenho direito.