Mundo competitivo

Num sábado qualquer do mês de julho do corrente, estava com minha agenda negativada e, como não tinha nada a fazer, resolvi alugar uns filmes para o final de semana. Optei por uma vídeolocadora de grande porte, perto de minha residência. Referida vídeolocadora estava repleta de clientes. Perguntei para uma das atendentes onde ficava a seção de lançamentos. Ela, indicando-me o local, afirmara-me, todos esses são lançamentos, acrescentando, que se alugasse algum teria que devolve-lo dentro do prazo máximo de 24 horas. Tudo bem dissera-lhe eu.

Enquanto observava os títulos dos filmes em lançamento, surge um de seus clientes perguntando se ela tinha o filme, “ Zorba o grego”. Ela respondera-lhe que nunca havia ouvido falar desse filme. Imediatamente, pensando em ajudar, entrei na conversa e informei-lhes de que o filme procurado, “Zorba, o grego” existe e eu o tinha em minha coleção. Afirmara-lhes de que esse filme era protagonizado pelo falecido, Anthony Quinn, que de grego não tinha nada, pois o mesmo era mexicano. Satisfeito com a informação, àquele cliente agradecera e dissera que iria procurar em outra vídeolocadora.

Uma moiçola, a Carol, que também se encontrava na referida vídeolocadora, demonstrando interesse pelo assunto, perguntara-me, com que finalidade eu colecionava os filmes. Afirmara-lhe que talvez fosse por vingança da vida, pois em minha adolescência havia sido um varredor de cinema. Surgiram outras indagações e no desenrolar dessa conversa acabei por revelar-lhes de que na realidade eu possuía uma extensa coleção de filmes e talvez fosse um dos grandes colecionadores da cidade.

Essa afirmação fora a gota da discórdia, pois uma outra pessoa que também se encontrava no recinto, às minhas costas, deixara escapar com voz tonitruante um Hummm! Como quem diz, será que é verdade? Olhei ao redor mas não conseguira localizar qual a pessoa que assim se expressara. Propositadamente esticara o assunto falando de minha coleção, na expectativa de que aquela pessoa do “hummm” saísse do anonimato e se manifestasse. Não deu outra, a isca fora certeira. Não é que surge na minha frente um senhor, aparentando seus bem vividos 45 anos e me interpela: então é o senhor o proprietário da maior coleção de filmes de Goiás? Respondi-lhe secamente que estava havendo um certo equívoco, pois eu dissera da cidade e não do estado de Goiás. Conversa vai, conversa vem, aquele cidadão acabara por se apresentar, dizendo que se chamava, Sebastião e que era um empresário no ramo de material para construção. O que mais o senhor quer saber sobre filmes, indaguei-lhe? Sinceramente, respondera ele, não estou dando crédito ao o que o senhor afirmara sobre ser um grande colecionador de filmes, pois também sou um colecionador e sei, como ninguém, das dificuldades para se formar uma boa coleção, portanto, não me leve a mal, mas gostaria que se dispusesse de tempo respondesse-me quantos filmes o senhor tem ? Respondi-lhe que não havia contado meus filmes, mas se ele quisesse dar o prazer de sua visita à minha residência, poderia mostrar-lhe a coleção toda com a condição dele não falar em comprá-la. Alegando que não poderia ir em minha casa naquele momento, perguntou-me se ele poderia fazer-me mais uma pergunta. Um pouco chateado com ele, consenti que perguntasse. É o seguinte: o senhor tem os filmes, “A Doce Vida” e “Assim caminha a humanidade”, se tiver favor dizer algo sobre eles, tais como diretor, protagonistas e em que época foram lançados nos cinemas. O senhor é mesmo insistente não é, então vamos fazer uma aposta em dinheiro nas seguintes condições se dentro de 30 minutos minha esposa não trouxer esses dois filmes aqui para o senhor ver eu lhe dou R$ 500,00, pode ser? Não, disse ele, vamos apostar R$ 1.000,00. Cada um faz um cheque neste valor e entregaremos os dois para moça do caixa da vídeolocadora que os entregará a quem ganhar a aposta.

Feitos os cheques, foram os mesmos entregues à caixa daquela loja. Peguei meu celular e falei com minha esposa sobre a aposta feita, afirmando-lhe que dentro de 30 minutos ela teria que levar para mim os filmes, A doce vida, Assim caminha a humanidade e também, como lambuja, o filme, Zorba, o grego. Quando estava completando 20 minutos após minha ligação, eis que surge minha querida e amada esposa que pegara um Táxi para me entregar os 3 filmes solicitados por mim. O empresário, Sebastião, parecia não acreditar naquilo que estava presenciando e desta vez, com mais humildade deixara escapar um éhhhhhhhhhh! Um mixto de sofrimento e de espanto. Ao receber os cheques, lembrei-me de um ditado que diz: Teimosia tem preço! E como tem?!

Amarú Inti Levoselo
Enviado por Amarú Inti Levoselo em 05/12/2008
Reeditado em 05/12/2008
Código do texto: T1319433
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