Quando lemos bastante, acabamos por incorporar um pouco dos nossos autores prediletos e transportar mais tarde para os nossos textos algumas características com as quais nos identificamos.
Retrospectivamente falando, me vejo nas escapadas que eu dava no meu tempo de adolescência, quando mergulhava nas leituras que me envolviam até o pescoço. Aqueles livros onde o autor consegue nos transportar para dentro da história.
Pois bem, eu era fascinada por autores infanto-juvenil que transportavam crianças, como num passe de mágica, para outros mundos e, um dos melhores exemplos era  “O Jardim secreto”(Charles Dickens), onde uma porta, escondida entre os ramos, levava uma garotinha para um jardim secreto, onde ela se separava do mundo real, um castelo entediado, onde vivia com um tio depois de perder os pais, e vivia suas aventuras com um garoto com quem compartilhou essa descoberta.
Aprendi a escapar para o meu mundo, todas às vezes que me sentia injustiçada, sozinha ou numa dessas crises da idade. Era uma escapada muito boa, pois tudo naquele  mundo era do jeito que queria ou sonhava. Às vezes, eu ía para o jardim do livro e só saía, quando tudo lá fora voltava ao normal.
Se não me falha a memória, foi o livro que mais vezes li e reli em toda a minha vida. Era uma fuga que me proporcionava bons e mágicos momentos, que eram só meus e de mais ninguém. Acontece que essas escapadas me fizeram ficar apaixonada por livros, e, a cada leitura ou releitura, descobria novos detalhes passados antes despercebidos.
E, esse fascinante mundo da leitura me transformou numa devoradora de livros.
Amélia Aragão
Enviado por Amélia Aragão em 01/12/2008
Reeditado em 01/12/2008
Código do texto: T1312084
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