É SÓ HOJE
Ultimamente, alguns vendedores (não todos, graças a Deus) adotaram uma tática de venda que considero simplesmente irritante: a de dizer ao cliente que oferecem determinado preço ou condição de pagamento que, segundo eles, é imperdível – mas tem sempre um porém, é só hoje.
Não, não dá para voltar amanhã. Não dá para pesquisar em outra loja, nem pensar bem se vale à pena fazer essa despesa, muito menos fazer as contas para ver se poderemos pagar e quanto as prestações a perder de vista pesarão no nosso orçamento presente e futuro. Tem de fechar o negócio na hora.
Eu confesso que sou daqueles clientes chatos que gostam de colocar tudo na ponta do lápis, pesar os prós e os contras, pensar se a compra vale e se devo pagar o preço. Gosto de bater perna em uma e outra loja para comparar, ver a mesma mercadoria, ver mercadorias diferentes. E não vejo problema algum nisso, muito pelo contrário – problema, acho eu, é comprar no impulso ou por insistência de um vendedor mais esperto e depois não poder pagar. Não seria esse o motivo de tanto calote que existe por aí?
Pois passei por uma experiência dessas esta semana. Procurando um eletrodoméstico, encantei–me com determinado modelo. Perguntei o preço e, ao ver meu interesse, a vendedora não me largou mais. Eu sei, ela estava no papel dela, mas quando ela largou o fatídico ´´é só hoje´´ para determinada condição (preço a vista no cartão de crédito, o que, pelo menos até pouco tempo atrás, era lei e não vantagem), a minha vontade de comprar esfriou.
Mesmo assim, pedi que escrevesse os valores em um papel eu pensar no assunto nas horas seguintes, e em princípio ela se negou. E se eu voltasse outro dia e quisesse aquelas condições? Acabou cedendo e escrevendo o preço, com a ressalva de que seria somente naquele dia. Mas não precisava ter se preocupado: eu não vou voltar, pois consegui preço melhor em outra loja – que ainda me deu a vantagem de poder, sim, voltar amanhã ou depois sem perder as condições propostas.