Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro
O Talmud (cuja palavra em hebraico significa “estudo” ou “aprendizado”) é considerado a genuína interpretação da Torá (o mandamento judaico fundamental é “Talmud Torá – estudar a Torá” e a raiz hebraica de Torá é “horaá – ensinamento”). Não por acaso, sempre que se quis, no curso da história, em diferentes países e períodos, cercear a religião de Jesus (Yeshouah era judeu, lembremos); se começava por proibir o estudo do Talmud e, a seguir, queimar essa grandiosa obra em praça pública.
Além de ser o livro da legislação judaica, também é uma enciclopédia e uma enorme obra de sabedoria, sem precedentes na história da humanidade.
O propósito sublime do Talmud é “a busca da verdade”. O Talmud tem dois componentes principais: a Mishná (que trata da Lei Judaica) e a Guemará (que aborda comentários da Mishná).
Já que lembramos anteriormente nesse texto o fato de Jesus ser judeu, aproveitamos para citar alguns dos muitos paralelos entre os ensinamentos de Yeshouah e os da Escola do Hillel (Rabino que viveu um pouco antes de Jesus) presentes no Talmud (há um livro teológico-católico interessantíssimo, que se chama “Jesus – um Judeu Marginal”). Da Escola de Hillel, num exemplo, temos “Aquele que é misericordioso para com os outros receberá misericórdia do Céu” [Talmud – Shabat 151b], enquanto que Jesus disse: “Benditos os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” [Mt 5,7]. Num outro exemplo, da Escola de Hillel temos: “Não faça aos outros o que não deseja que façam a você: esta é toda a Torá, enquanto o resto é comentário disto; vai e aprende isto” [Talmud - b.Shab. 31a], enquanto que Yeshoua afirma: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a Torá e os profetas” [Mt 7, 12].
Jesus disse: “Que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” [Mt 16,2] e completou “Que daria o homem em troca de sua alma?”. Com isso mostra que não há no mundo algo que se compare em valor a uma vida humana (nem o mundo todo). O Talmud (Mishnah Sanhedrin) diz que “Aquele que salvou uma vida, salvou o mundo inteiro” ou, mais especificamente, “Quem quer que destrua a vida de um único ser humano... é como se ele tivesse destruído o mundo inteiro; e quem quer que preserve a vida de um único ser humano... é como se ele tivesse preservado o mundo inteiro”.
É irônico, para ser brando, entretanto, que muitas pessoas utilizem essa citação mas não têm respeito pelo seu significado. Talvez fosse importante acrescentar outra, do próprio Talmud: “"Dão-se conselhos, mas não se dá a sabedoria de os aproveitar", ou seja, é necessária reflexão para o entendimento e, refletir, muitas das vezes pode não ser trabalho apreciado . Derivada do texto talmúdico, a frase “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”, citada no famoso filme de Spielberg, “A lista de Schindler” está desde então em voga. A ironia se dá no fato de que algumas pessoas que procuram “destruir uma vida”, seja por ação direta, ou por ação indireta, como o menosprezo, como também nem reconhecem que tiveram suas vidas salvas, de uma maneira ou de outra, expõem a citação como se soubessem (entendessem seu significado profundo) colocá-las em prática. Isso nos faz lembrar o Juízo Final, onde o Justo Juiz fará a separação entre os que prezam a vida de Jesus nos outros e os injustos que desprezam o mesmo Jesus na vida dos mais necessitados (os estranhos que precisam ser acolhidos, os enfermos que precisam ser visitados, os encarcerados [ademais os isolados por preconceitos, maledicências, etc], os que têm fome e sede de justiça, etc). “Mas isso é uma outra história, que fica para outra vez”...
“Quando os mais moços se consideram com mais juízo e de melhor conselho que os mais velhos, tudo vai perdido e os males não têm remédio.” - Marquês de Maricá
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