A relação mãe e filho
Ao ler um texto carregado da emoção de uma mãe saudosa me emocionei bastante, indo às lágrimas. É muito doloroso a uma mulher perder um filho, principalmente quando este já tenha crescido um pouco mais. Meu primeiro e único irmão, que se chamou Eduardo, nasceu no dia 3 de outubro de 1950, dia das Eleições para presidente da República daquele ano. Viveu apenas três dias, mas até hoje, reparem só, mamãe ainda chora emocionada quando fala dele. Feliz comigo e minhas duas irmãs, espera encontrá-lo um dia na Glória! Eu também espero abraçar longa e ternamente o irmão que eu não tive. Mas o Deus insondável que a todos sonda, sabe porque tudo isso ocorre. Quando menino devo ter sentido ciúmes dele, pela forma terna com que mamãe a ele se referia, sem ter tido tanto tempo para acalentá-lo, aliás, não teve nenhum, nem para amamentá-lo, pois ele nem sequer chorou ou mamou nos seus três únicos dias de vida terrena. Hoje compreendo um pouco mais a relação de mãe e filho, iniciada no sonho e na expectativa da concepção, depois na gravidez, na mudança paulatina da silhueta, na ansiedade da espera diária, nos primeiros sinais de sua existência, nos movimentos da barriga, na escolha do nome, nos sapatinhos tricotados de lã, nas camisinhas bordadas com desvelo, na arrumação do enxoval e em cada detalhe para receber o visitante especial. Tenho o sono pesado, mas, em uma noite que excepcionalmente me acordei algumas vezes pela madrugada, toda vez que me levantava eu me deparava com a minha Cris sonolenta, sentada em uma cadeira no quarto, com os olhos semicerrados dando de mamar ao nosso Israel, então com dois ou três meses. Compreendi então que nós, homens, por mais que tentemos, não conseguimos nem de longe compreender a relação mãe e filho. É uma coisa transcendental, personalíssima e espiritual, somente ao alcance do Criador e delas!