Rio de Janeiro
Quem conheceu o Rio de Janeiro, quando ainda era a Cidade Maravilhosa sem um arranhão, lastima o fato que vê nos dias atuais, lastima e é capaz de chegar ao choro.
Não havia quadrilhas de tóxico, tráfico de entorpecentes. Não havia bandos de assaltantes, fossem marginais dos morros ou os de muito bem cortado terno.
Língua de esgoto como apareceu ontem em Ipanema, nem pensar. Estou escrevendo em quinze de novembro de 2008, data de comemoração da Proclamação da República.
O único grande problema da cidade era a falta d’água. O Rio ainda era capital da República e já faltava água, armazenada pelos moradores das mais diversas formas. Como naquela época era comum o uso de banheiras, estavam sempre cheias. Coisa horrível, um martírio para o povo.
Carlos Lacerda, o controvertido político da vida brasileira, o jornalista que foi causa da crise final com Vargas, o homem da “Tribuna da Imprensa”, dos pronunciamentos na televisão que prendiam os espectadores por mais de 6 horas, sem cansar, resolveu este problema com a grande estação de tratamento do rio Guandu. O Rio livrou-se de uma praga, maldição do banho de caneca, cozinha deficiente e outros males.
Depois da inauguração, na época garantindo água até o ano 2000, uma vitória sem limites, pois assegurava o fornecimento por 40 anos, aproximadamente, o Rio voltava a ser a bela cidade onde praias e floresta davam o seu ar de esplendor.
O Rio de hoje é triste, perto do que já foi. Desapareceram seus símbolos, e eu lastimo profundamente o Café Palheta, na Avenida Rio Branco. Tomava-se o melhor café da cidade. Naquela época, o cigarro não era amaldiçoado. Eu mesmo, com uma xícara do Palheta no balcão, bebia devagar. Quase sempre repetia, enquanto enchia de fumaça os pulmões com dois cigarros, um acendido na binga do outro...
Não fumo mais há muito tempo. Enquanto isso, o Rio de Janeiro tem que lutar para não virar uma cidade intolerável, Deus nos livre desta...