EU TENHO UM SONHO...
Estes dias ouvindo a Ministra Dilma fazer referência a Monteiro Lobato quando falou do pré-sal, lembrei de Ayrton, personagem de “O Choque das Raças ou O Presidente Negro”, que através do “porviroscópio” profetizou que um negro seria presidente dos EUA.
As coisas não aconteceram exatamente como Ayrton “viu”, já que o concorrente de Obama não era uma mulher, mas não podemos esquecer que ele primeiro venceu uma mulher nas prévias de seu partido e depois um candidato que tinha como vice outra mulher. Seria Monteiro, um visionário?
Mas voltemos a Obama, o afro-descendente, filho de imigrantes que é o novo presidente da maior e mais poderosa nação do mundo. Já apontado por muitos como a concretização do sonho de Martin Luther King, Obama surge como o “salvador” do mundo, sim, porque salvar os EUA, é, em tese, salvar o mundo.
Pessoalmente não consigo ver grande semelhança entre Obama e Martin, falta, na minha modesta opinião, algo que trone essa identidade mais forte. Talvez por ser fã do segundo e ter muita admiração por sua trajetória pessoal/social, uma vida construída com dignidade, um grande ativista, uma pessoa que morreu em nome se seus sonhos, ou por ainda não ter conhecimento suficiente sobre o primeiro.
Não que eu acredite que seja preciso morrer para ser reconhecido como líder, mas a vida e a luta de Martin L. King sempre foram maiores que seu país, e desde cedo ele lutou pacificamente pelo fim do racismo, nunca pregou o ódio contra os brancos e sempre acreditou na paz e no diálogo como caminhos para colocar um fim nas diferenças sociais de todas as ordens existentes no mundo e, principalmente na América. Era a personificação da não-violência!
Obama é jovem, inteligente, carismático, destemido e pode sim, governar os EUA com sabedoria e menos arrogância que Bush pai e filho. Ele tem em suas mãos o sonho americano de administrar e vencer uma grande crise econômica e por fim a uma guerra sem sentido. Ele acalenta o sonho americano de acabar com o terrorismo sem invadir a privacidade de seu povo. De diminuir a crescente violência em seu país, enfim, por ordem na casa.
Precisamos apenas lembrar que Obama é humano, real; não tem os super poderes tão apregoados nos filmes americanos. Ele não governará sozinho, precisará fazer alianças, acordos. A partir destas alianças veremos a que interesses ele vai responder. Antes disse tudo é especulação. Sonhos.
E a política externa de Obama? Esperemos para ver. Que seja melhor que a de seu antecessor, mas isso não é grande coisa, porque melhor do que nada (leia-se péssima), é quase nada.
Eu também tenho um sonho... Infelizmente, ainda é apenas um sonho...