A MINI-GRANDEZA DO SER
A MINI-GRANDEZA DO SER
Marília L. Paixão
A chuva desta tarde combinaria com as letras mais bonitas que eu conseguisse escrever. Mas que letras bonitas escrever eu conseguiria tão bonita quanto aquela chuva? Que audácia deste tolo ser minimamente humano? Sim, reduzida ao menor tamanho ao imaginar-me capaz de comparar um emaranhado de letras artísticas com aquela chuva de pedrinhas cristalinas.
Vá lá mini Marília correr atrás das pedras e tente alcançá-las ainda inteiras sem deixá-las dissolver em suas mãos. Admire o cristal da natureza, admire o sol cálido que penetra a janela enquanto as pedras da chuva batucam docemente sobre a calha e abandone todas as suas ambiciosas letras. Diga a todas elas que você se queda diante a natural beleza deste evento vespertino e que você não escreverá nada, absolutamente nada que chegue aos pés deste instante.
Deixe a chuva varrer seu lindo morro. Veja o asfalto do morro maravilhado com o refrescante brilho do seu olhar sobre ele. Olha como a chuva o varre gulosamente! Parece que lá embaixo começará uma enchente, mas não! Lá embaixo o verde molhado das árvores se encontra pronto para qualquer quantidade de chuva tão carinhosa e tão mansa quanto está se tornou.
Não lhe amedrontaram os estrondos como de um céu desabando quando a chuva anunciada pelos relâmpagos desabou no meio da tarde. Depois veio a dança dos cristais de pedras que assim como chegaram se foram. Rapidamente tudo virou noite e Mini Marília foi trabalhar levando todas as letras. (armas de todos os dias) Mas como sempre ela volta, volta com saudade da tinta que cobre a tela branca onde ela se descobre e se admite possuidora de umas ambiciosas letras que sonham em lhe fazer grande, seja por um dia, por uma hora, ou por um instante, sorrindo pelo horizonte.