A vida às avessas
Outro dia, uma amiga me disse que passou boa parte da vida sem rir. Imagine a tristeza! Motivo? Não gostava da boca. Que nem eu. A única diferença entre nós era o riso largo. Sempre dei boas e deliciosas risadas, apesar da boca. Até que um belo dia, alguém me disse que o meu sorriso era o destaque do rosto, a simpatia. A partir de então, passei a rir com outros olhos. Cada vez mais, pessoas corroboravam esta opinião. Fui me convencendo, aos poucos.
O mesmo aconteceu com o nome – Terezinha – desde a mais tenra idade, achava-o sem graça. Qual é o charme de alguém se chamar Terezinha? Pensava. Até ouvir, alguém dizer que quem faz o nome é a pessoa. Então, tratei de cuidar da pessoa. O nome era secundário. Dito e feito. A vida passou a ficar mais interessante e o nome, idem.
Com a minha amiga ocorreu o mesmo. Depois de sofrer por anos com um complexo que a tornava antipática e carrancuda, assumiu a boca e passou a rir das graças do mundo.
Lembro que durante a nossa troca de infortúnios - adolescentes, pensamos numa inversão à ordem da vida. Poderia ser ao contrário. Início, maduros, tranqüilos, assumidos como humanos, com as coisas boas e as nem tanto; estáveis no trabalho e na área financeira para podermos gozar a vida com o vigor e a energia de jovens. O término, como crianças. Criando histórias, brincando, inconseqüentes, ingênuos e puros. E felizes! Com gosto de missão cumprida.
07.08.08