MOMENTINHO BURRO E MOÇAS INTELIGENTES

MOMENTINHO BURRO E MOÇAS INTELIGENTES

Marília L. Paixão

Sabe aqueles dias que de tantas tarefas você fica pensando qual seria a menos desinteressante para começar? Estava eu lá tomando meu café me permitindo o direito de ficar com o olhar a procurar passarinhos sem câmera quando na verdade o que eu queria não podia fazer. Olhei então para a garagem e pensei que bem que podia pegar o carro e dar uma sumida ou então pegar a bicicleta e dar umas pedaladas.

Inteligente como às vezes penso que sou peguei logo a bicicleta para ver se as novas pedaladas me davam boas respostas para o futuro do dia. Afinal desaparecer é que eu não podia e pedalando eu voltaria mais rápido para casa. Olhei para o sol de 10h30min e pensei: Se não tiver idéias brilhantes pelo menos transpirarei e queimarei alguma caloria. Caso nada aconteça poderei sempre voltar para a pequenez dos grandes ou para a grandeza dos pequenos. De uma forma ou de outra, pessoas como eu descobrem uma forma de massagear o ego.

Foi assim que eu voltei e vi a Kalena reparando um belo Metrossexual. Por outro lado tinha a Djanira Luz pensando se o que atrai mesmo são as semelhanças ou os opostos. Que inveja! Pensei. Bem que eu queria estar com tempo para pensar essas coisas, mas estou feliz por estar suada, por ter subidos e descido morros e ter um telefone com gente me chamando para sair de novo. Foi assim que lembrei da Mônica Mello em seu texto falando do amor que terminou, mas que não acabou. Ela que está sentindo falta do toque do celular e das mensagens de e-mail. Ela devia freqüentar os mesmos lugares que a Kalena e a Djanira e logo, logo acabava com a solidão.

Mas por que eu estava subindo e descendo morros se nada do que queria fazer podia? Estava atrás de um pen drive. Agora que sai do centro tudo é uma doce jornada. Doce por que não posso reclamar de nada. Troquei tudo pelos passarinhos. Só que eu não achava o tal lugar que a mocinha super moderna do bairro tinha me explicado. Eu bem sabia que não tinha entendido direito, mas ela parecia com a garganta inflamada e estava falando baixinho e já tinha repetido duas vezes. Então perguntei numa banca de verduras para um freguês jovem do tipo tatuado e tudo:

- Onde encontro pen-drive para comprar por aqui?

- Pen drive?! O que é isso?!

Achei bonitinha a carinha dele de quem está pronunciando um nome de um bicho novo. Expliquei e ele entendeu. Me indicou uma lan house perto da rua da árvore grande. Já passei perto desta árvore em outras circunstâncias de carro. Mas ali estava me sentindo perdida de tudo. Portanto foi minha vez de ter meu momentinho burro:

- E onde é que fica essa rua?

Era melhor perguntar logo que ficar zanzando de bicicleta debaixo do sol de onze horas com minhas perninhas brancas e finas.

- É a maior árvore do bairro. Olha ali um pedacinho do galho naquela rua ali, ó!

- Ah! Obrigada.

A tal da árvore era enorme e bela por isso o bairro se chamava árvore grande... Com razão! Pensei. Finalmente um nome com uma bela justificativa. Será que meus passarinhos lá de casa conheciam essa árvore?! Eu que não ia perguntar para não ter outro momentinho burro. Imagine com que cara eles não iam me olhar?!

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 27/10/2008
Reeditado em 27/10/2008
Código do texto: T1250766
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