Vergonha dos pais

A cidade de Santo André foi palco de uma grande tragédia, estamos até agora perplexos, em clima de medo, desses de deixar desorientadas as autoridades – e principalmente os pais.

Foi divulgada em cadeia nacional toda a tragédia “Caso Eloa”, que certamente marcara a vida dos envolvidos diretamente e indiretamente. Marcas essas que são cicatrizes que mesmo a plástica do mais renomado cirurgião plástico não consegue transformar algo que fora desfigurado. Não há justificativa para o comportamento de pessoas como Linderberg, que utilizam do poder sobre o outro ser humano para assegurar um relacionamento.

Orgulhamos-nos de ser pais de uma geração de ponta, de acadêmicos com universidades, de pesquisadores, de nascerem em pleno desenvolvimento de tecnologia, do requinte da moda, da culinária, dos cinemas, dos teatros, dos museus, de defensores do meio ambiente.

Mas ao mesmo tempo não soubemos canalizar toda essa inteligência para cuidar de nossos filhos, que não souberam acompanhar a interrupção do comportamento ao sabor das mudanças, com sua variação. Não soubemos observar uma criança ao longo de sua trajetória que vai modificando seu comportamento, tornando se agressivo. Ou que muitas crianças têm problemas básicos de adaptação a situações que são inseridos, desencadeando no emocional um subterfúgio para suas defesas.

Deixamos à responsabilidade nas mãos dos governantes (o que é uma demonstração de irresponsabilidade). Deixamos a educação apenas nas mãos dos pedagogos e educadores e de suas corporações, quando deveria ser um tema de toda a coletividade, a começar dos pais.

Os pais em geral estão amedrontados por estar criando suas filhas para que monstros dêem um final trágico, de outro lado sentem-se envergonhados e impotentes diante da própria cria como os Linderberg da vida.

Leisa Mara Baronas

AIA, outubro de 2008.