O Nascimento das Escritas
Somos mães e parteiras. Trazemos à vida, idéias.
Levando ao Mundo o choro agudo das pequenas iluminadas, que clamam, ainda em seu embrionário estágio.
Quando inchados forçamos, respiramos, transpiramos. “Falta algo... aquela palavra, aquele verbo, aquela vírgula, aquele ponto”. Puxamos suavemente pela cabeça a pequena vitória, ainda que não tenha nome, a agarramos por entre os dedos feito pétala de rosa, delicada ainda, a viramos segurando firmemente pelos pequenos pés e damos a palmada gentil que a lança ao Mundo. “Vai... já não mais me pertence. Segue teu caminho”.
E a pequena segue a sorrir, a mãe que fica chora, mas chora a alegria da filha a partir e a parteira, orgulhosa que ela só, acena... Sente o destino que se põe a cumprir. Riso leve de criança feliz, segue a pequena iluminada. Com seus cachinhos dourados se presta logo a murmurar, aqui e ali, de que matéria é feita. “Sou feita de sonhos. Tenho um propósito e irmãs que vêm logo a seguir. Pode ver? Repara bem. Somos muitas e em toda a parte. Pena que nem todas vingarão, mas as que aqui estiverem serão anjos. Somos nós a fazer o Mundo girar. Sem sonhos... sem idéias... sem as escritas... de que vale Amar? De que vale viver? Com o que se vai sonhar? Versos para o Amor, prosas para viver e idéias... para sempre sonhar”.
E não se preocupem.
Quando uma parte, outra de parto nascerá!