Sobre as eleições...

Relaxem (hoje estou de bom humor), não vou falar sobre a "corrupção do sistema político brasileiro" e nem sobre outras coisas que nos fazem parecer palhaços no âmbito democrático internacional. Vou contar uma história no mínimo curiosa.

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PARTE I

O jovem Rivaldo da Silva Antunes (nome deveras fictício), conhecido apenas entre os amigos de colégio como "Riva", é um aluno dedicado. Ele estuda em casa, pelo menos, 3h por dia para conseguir passar no vestibular e, como decidiu cursar a faculdade de Direito do Largo de São Francisco, além das horas de estudo em casa, ele gasta pelo menos mais 8h do seu dia dividido entre o colégio (público) e o cursinho.

Rivaldo passa com louvor, afinal, o estudo é a chave para o sucesso.

Dentro da faculdade o jovem Riva aos poucos vai deixando seu comportamento de moleque, e aos poucos, com o amadurecimento e com a dedicação, torna-se um compreendedor e um entusiasta dos diversos códigos, leis e artigos que constituem a base legal de seu país. Riva deixa de ser o Riva, e torna-se Rivaldo, aluno esforçado e jurista promissor.

Passam-se cinco anos de grande aprendizado, no qual Rivaldo divide seu tempo com a faculdade (para aprender a teoria de seu ofício), o estágio (para aprender a prática) e o estudo em casa (para reforçar seu conhecimento). O esforço do aluno resulta em sua contratação dentro da empresa de advocacia para a qual trabalha, e em uma monografia digna de publicação no final de seu curso.

Formado, o estudante, ainda jovem, passa na prova da OAB de primeira e começa a estudar para concursos públicos. Divide seu tempo entre o escritório e, mais uma vez, os estudos.

Agora o Doutor Rivaldo da Silva Antunes é um funcionário público. Atuante como Analista Judiciário. Após ter deixado seu escritório (e conseguido ótimos contatos na área da advocacia), ele inicia um curso de pós-graduação em Direito Civil, enquanto exerce os três anos obrigatórios de atividades jurídicas, para tornar-se um Magistrado."

Anos depois, após passar em outro concurso público, o Dr. Rivaldo atua como juiz substituto em uma comarca abandonada e precária no interior do estado. Uma não! Várias, sucessivamente, até tornar-se um juiz titular.

Uma vez titular, ele opta por atuar na área em que se especializou, para enfim, após mais de 10 anos de preparação, estudo e dedicação intensivos, Rivaldo poder julgar e executar as leis de nosso país.

"Viva a conquista do esforço!"

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PARTE II

Ernesto Sebastião de Albuquerque é de classe média-baixa, mas sempre teve condições de estudar em um colégio particular, relativamente barato. Conhecido entre os amigos como Tião, o jovem nunca se interessou pelos estudos, embora sempre tenha se julgado mais esperto que os demais à sua volta. Largou a escola antes de cursar o ensino médio, e desde cedo quis trilhar o caminho da esperteza.

Conhecido em seu bairro e adorado por inúmeros círculos de contatos, por se um bom animador de festas e um grande "pagador de rodadas de cerveja", o jovem fez sua fama nas comunidades da cidade onde vive.

Um dia, um grande amigo de Tião sugere a ele que se candidate a um cargo legislativo. Tião aprova a idéa.

Mesmo sendo semi-analfabeto, "Tião do Batidão" se candidata para o cargo de Deputado Estadual. Em seu lançamento de candidatura, durante o horário eleitoral, ele não faz absolutamente nenhuma proposta concreta, mas levanta o ânimo dos eleitores cantando músicas de sua autoria.

Tião milagrosamente é eleito. Vai legislar e representar os interesses políticos e legais de seu estado pelos próximos 4 anos. Mesmo sem ter a mínima idéia das obrigações das quais será encarregado. Ele provavelmente nem sequer sabe o que um deputado faz...

"Viva a festa da democracia!"

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PARTE III

O Dr. Rivaldo da Silva Antunes, profissional competente, com diploma de nível superior, especialista em sua área de trabalho, ex-advogado, com mais de 10 anos de preparação, interpreta e executa com competência e precisão as leis.

Estas por sua vez, são (mal)escritas e (sub)desenvolvividas por Ernesto Sebastião de Albuquerque, o vulgo "Tião do Batidão", deputado estadual semi-analfabeto, eleito pela suprema e democrática vontade do povo (alienado).

Alguém mais aqui notou alguma coisa errada nesta história?

"Brasil, um País de Tolos!"