A FALTA DE SENSE AND SENSIBILITY DOS LEITORES
A FALTA DE SENSE AND SENSIBILITY DOS LEITORES
Marília L. Paixão
Este texto vai para todos os escritores e leitores. Vai para os que ficam querendo saber detalhes da vida dos autores. Primeiramente eu adianto que o melhor do escritor é o desembaraço das linhas que cria e estas não precisam estar vinculadas às mazelas do seu dia-a-dia, mas principalmente da que serviria para qualquer outro, seja este um outro cronista ou não. Mas e se for poeta? Tem o poeta obrigação de estar falando de si quando chora sua poesia?
Eu posso estar aqui agora mais querendo poetar que explicar um sentimento seja de raiva ou dor, seja de amor ou desamor. Eu poderia estar escrevendo como se estivesse prestes a pular de um prédio enquanto tomo uma cerveja gelada e sorrio para o dia. Não devo aos meus leitores explicações sobre minhas detalhadas linhas. Detalhe é o que os fazem ler este ou aquele autor preferido. O detalhe desta crônica por exemplo é reclamar de quem fica buscando entre linhas verdades ou mentiras da vida do escritor.
Quer saber da vida pessoal do escritor? Seja seu amigo, seu irmão, seu amante ou cônjuge e pronto! Terá direito, a saber, de tudo. Caso contrário que tal interpretar a beleza das linhas? Que tal refletir sobre a mensagem do texto? Que tal descobrir graça na leveza das coisas sem preocupar com a veracidade e seu sentido ao pé da letra?
Já sei! Irão pensar que alguém tentou entrar por meu portão mesmo ele estando fechado. Não! Não sou alguém que tenha essa importância, mas fechado o portão estaria de qualquer jeito. Como diz Leo Della Volpe, eu sou arisca. Imagina se eu possuísse ovos de ouro?! Aumentaria os cadeados dos meus portões com certeza. Mas a idéia deste texto me veio por uma reclamação de alguém cujo nome não caberia a mim revelar, pois me basta o brilho das suas talentosas letras.
Defendo a idéia de que o escritor se expresse utilizando de todas as suas ferramentas inspiradoras desde que as use com glória sem copiar ou imitar ninguém. Ele pode criar circunstâncias que lhe sirvam de amparo sem precisar explicar para o leitor que ele não está na beira da morte amém e nem tão pouco na janela do edifício em que no texto ele estava a ponto de pular.
Nada tenho contra os que desejam realmente falar de coisas que lhe aconteceram de fato como eu mesma muitas vezes falo. Nada tenho contra quem dramatiza uma situação para experimentá-la diante um público se somos todos artistas. A verdadeira arte não tem que ter compromisso com a verdade, assim como a verdade também pode ser escrita com arte.
Espero não estar sendo nem muito antipática, ou muito sem doce, mas estou falando por mim e cada um tem o direito de falar por si. Ou pensa o meu leitor que passo vinte e quatro horas conversando com passarinhos? Bem que eu gostaria... Momentos de passarinhos são momentos de ouro, mas o ouro é deles. Eu não passo de uma mortal apreciando os brilhos. Eu não passo de uma aspirante a escutar-lhe os pios.
Vou ficando por aqui sem os 200 kilomentros por hora do Seu Pedro e adoro café. Li outro dia que o café auxilia os ciclistas e comprovei que é verdade. Tomo o meu café das quatro ou cinco e a vontade de pedalar vem e convém. Num domingo como este li o texto da Fátima Irene falando da CORTESIA COM O CHAPÉU ALHEIO e assim que você terminar este eu recomendo que o leia, mas voltando ao meu assunto:
Deixa o poeta chorar mesmo se ele não estiver triste. Deixa-o adoecer mesmo se ele não estiver doente, e quanto aos cronistas, deixem que eles fantasiem que criem que mostrem a vida como ela é com todos os seus recursos artísticos e lingüísticos. Lembrem-se: Se eu quiser eu faço os passarinhos pularem da ponte. E se vocês quiserem vocês pularão do prédio eu querendo ou não.