Um dia fatídico

Existem aqueles dias em que tudo parece conspirar contra você, e este foi um deles.

Seria um dia importante no trabalho, teria uma reunião com a diretoria as 9 da manha, dormi cedo na noite anterior para não perder a hora, deixei tudo pronto, a roupa que vestiria, o calçado, os brincos e acessórios ate a maquiagem, apenas não me lembrei de uma coisinha extremamente importante, o despertador.

Acordei com o barulho dos vizinhos, quando olhei a hora, 7:47, levantei-me desesperada, sai correndo como louca para o banheiro jogando tudo que era roupa no chão tomei um banho rápido quando terminei, PQP, a toalha, esqueci a toalha então sai patinando no chão liso até o quarto, BUM, escorreguei de bunda no chão, nossa que dor, estava atrasada, molhada e agora com a bunda dolorida, levantei com dificuldade e continuei o trajeto até o quarto que parecia ser a própria via sacra, sequei-me com o lençol, não havia tempo para procurar por toalha, vesti o vestido que havia separado, calcei o sapato, coloquei o brinco fiz a maquiagem, tudo e sai voando de casa.

No hall acionei o elevador, olhei para o marcador, 18º, puts eu estava no 11º decide descer pela escada ate o décimo para ganhar tempo, mera idiotice, mas, a presa é inimiga do bom senso, entrei pela escada de emergência e desci correndo já próxima a saída para o 10º torci o tornozelo, P&*^&%, mais que dor de novo, fui mancando até o hall quando olhei pro elevador, “T” ah *&#%@ no térreo? Usei o pior palavrão que conhecia, resolvi ficar ali mesmo, estava atrasada, a bunda doía e agora o tornozelo latejava. Alguns segundo depois chega o elevador, entrei um rapaz jovem acabara de voltar das farras e estava subindo pro seu apartamento no 17º senti vontade de esmurrá-lo, lá estava eu do 11º para o 10º e agora para o 17º o que mais me faltava acontecer? Maldita hora que pensei assim, no 15º uma baba desatenta entra com 2 crianças que por pura sacanagem apertaram todos os botões do elevador, quis trucidá-las a babá esboçou um sorriso cretino e um pedido amarelo de desculpas. Então nos ficamos naquela, parando de andar em andar, estava atrasada, com a bunda dolorida o tornozelo latejando e agora fazendo turismo por todos os andares do meu prédio.

Quando enfim cheguei a garagem andando o mais rápido que podia, mesmo mancando, fui abordada pelo sindico.

-A Sra. vai participar da assembléia geral que faremos hoje aqui no prédio, temos que discutir...

Não deixei nem aquele ser insignificante terminar de falar fui entrando no carro e batendo a porta arranquei e sai rumo ao portão que o babaca do porteiro demorou quase uma vida pra abrir.

-O Zé, abre que eu to com pressa.

-Ta bem atrasada hoje heim Dona Lili.

Pronto, senti-me diante de um gênio, sem ele jamais saberia que estava atrasada, fechei o vidro com cara de poucos amigos e sai, nada mais poderia acontecer, já passavam das 8:30 o trânsito devia estar mais calmo, até estava não fosse por um acidente envolvendo 2 carros e uma moto, me deu uma imensa vontade de chorar, mais respirei forte e entrei numa rua para pegar um atalho, DROGA, rua sem saída, voltei de ré e TUM, bati a traseira do carro em outro que estava entrando pela rua.

Acabou, estava atrasada, com a bunda doida, o tornozelo latejando, estressada e agora envolvida num acidente, não havia mais como no mundo eu chegar a tempo para a reunião, ligo então para a recepcionista da empresa, chama, chama ninguém atende, resolvo então ligar para um colega de trabalho que também participaria, o celular chama, imaginei que ele não atenderia, já devia esta na reunião, quando enfim escuto uma voz sonolenta.

-Alô.

-Guilherme, oi Guilherme é a Lili. Vc ta na empresa.

Do outro lado uma voz um pouco irritada responde

-Não, estou em casa e estava dormindo.

-Dormindo? Ainda? Guilherme e a reunião? Hoje por acaso é o dia nacional dos atrasados?

-Dos atrasados não sei, mais das adiantadas talvez. Oh Lili a reunião é na segunda, hoje é domingo, vai pra casa e vê se dorme.

Aquelas palavras soaram como um tiro na minha cabeça, não estava atrasada, mas minha bunda doía e meu tornozelo latejava.

Lili Tavares
Enviado por Lili Tavares em 26/09/2008
Reeditado em 09/03/2015
Código do texto: T1198056
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