Eu, eu mesma e a minha pessoa
Por mais que parece agocêntrico o título dessa crônica, e como de fato o é, acredito que a gente tenha que viver momentos assim, de pensar muito sobre coisas vagas.
O T-Rex adverte que de pensar morreu um burro. Eu concordo, T.
Mas, não posso deixar de pensar na força que tem os "nãos" na vida de uma pessoa. Os primeiros a gente encara bem, os segundos nem tanto e os terceiros tem a propriedade de nos derrubar, nos deixar no chão. Alguns levantam, outros não. O T-Rex quer saber o rumo dessa conversa. Não tem rumo; estou divagando sobre os "nãos" da vida Tiranossauro! - Esse tiranossaro é inglês, juro!
Ontem mesmo, um menino de 20 anos me disse que se não passar neste vestibular vai se matar. Se bem que eu tenha minhas dúvidas sérias sobre isso, visto que seu perfil é mais de quem vai pra boate do que para o necrotério, fui obrigada a lhe dizer que, por mais que eu chore desesperadamente e ache que o mundo há de ficar menos alegre e muito mais àspero para mim sem ele (eu o amo profundamente, como a um filho nascido de mim), nada mais poderei fazer senão ter o desprazer de vê-lo nas mãos de quem o vai enterrar.
Dia destes, tive uma conversa (se é que isso pode se chamar de conversa) com uma mulher de 46 anos, que os outros insistem em chamar de louca, mas que eu classifico como safada. Uma vitalina de má morte, que fugiu da vida e de seu curso e que agora, "entregou-se a Jesus na Universal" (pobre JC), na esperança de arrumar se não um marido (nem os pastores "santos" podem garantir um empreendimento tão alto, se os macumbeiros já desistiram), pelo menos fortuna (pra gastar num sei no quê), enquanto não lhe vem fortuna ou marido, além de odiar a todos, tenta manipular as coisas com subterfúgios e mentiras. Trato-a bem, mas minha caridade cristã não chega para eu ter pena dela ou desejar-lhe o bem. Aliás, que bem pode acontecer a quem não presta? Não perco meu tempo rogando-lhe pragas.
Minha mãe é uma mulher amarga e seca, incapaz de um elogio ou alegria; tem 74 anos e a vida inteira iludiu-se com um "poder" que jamais possuiu. Agora apela aos macumbeiros, às pombas giras, aos exus e a Deus, sem botar fé em nenhum deles, para tirá-la da "pobreza". Sente a insatisfação própria dos que passaram a vida manipulando e que descobrem, de repente, que a vida tem um curso tão caudaloso que perdemos com freqüência o que pensamos ser seguramente nosso e que esse "poder" que o ser humano pensa que tem cessa, por qualquer besteira, como a velhice e a morte.
Da minha janela eu vejo o mar-oceano, que me levaria a "Oropa, França e Bahia" se eu tivesse as asas necessárias, mas não as tenho. Minhas raízes estão plantadas nesse chão, tão profundamente, que tenho a impressão que amanhecerei árvore e darei meus frutos, temendo apenas a moto-serra do destino.
O T-Rex finalmente aborreceu-se e me pergunta, britanicamente irritado, o que eu penso estar fazendo neste espaço público onde não se deveria acessar senão obras literárias!
Ah, T! Me poupe, você por acaso já leu alguns textos daqui? Português deplorável e poesia de terceira? Me erra tiranossauro.