Uma bacia muito útil!

Uma bacia muito útil!...

Há alguns anos. Cerca de 30 anos atrás. Nossa região era muito atrasada. Não havia televisão. Não havia estradas. Seguíamos os costumes herdados de nossos pais. O povo era mais unido é verdade. Mais amigos. Mais solidários.

Havia um senhor que era fazendeiro na região. Sujeito simples. Amigo dos amigos, meio político, que vamos omitir o nome por consideração aos seus familiares. Esse moço cada vez que ia para a fazenda levava um amigo. Ele tinha muito café, gado e adorava mostrar aquilo tudo para os amigos. Naquele sábado ele levou o Gélio como companhia. No meio do caminho entre a cidade e sua fazenda, havia um povoado. No povoado existia uma venda. Chegaram na venda, pediram duas cachaças misturadas. Conversaram com o dono da venda. Falaram de política, cultivo do café. E até jogaram uma partida de truco. De repente aparece um rapaz chorando.

- O pai está morrendo gente! Venha nos ajudar! – todos da venda largaram os baralhos e correram para a casa do rapaz. O pai do rapaz tinha sofrido um infarto e estava morto, conforme foi constatado pelos vizinhos. E toda a família era um choro só. Então sobrou para o Gélio e o fazendeiro lavar o defunto. Logo apareceu uma bacia de alumínio com um fundo improvisado de madeira. Uma grande bacia. O defunto não era muito grande. Lavaram o defunto. Trocaram as roupas. E o colocaram sobre a mesa para ser velado. Feito isso eles partiram para a fazenda.

Como sempre eles estavam por ali. Um dia a dona da casa do defunto, mãe do rapaz que correra até a venda pedir ajuda, veio agradecer as ajudas. E aproveitou para convidar o fazendeiro e o Gélio para ser padrinhos de casamento do seu filho. O que eles aceitaram prontamente.

No dia marcado foram para a capela, realizaram o casamento, depois foram para a casa da mãe do noivo almoçar. Havia leitoa assada, frango, mandioca e muita comida gostosa. O fazendeiro muito simples bebeu e comeu a vontade. Gélio também. Muita gente conversando. Gélio notou um detalhe e chamou o fazendeiro num canto para contar.

- Meu amigo, olhe bem para aquela bacia de macarronada! É a mesma que lavamos o defunto!

O fazendeiro torceu-se todo e saiu vomitando pelo meio do mato. Gélio nem ligou.

Theo Padilha, 10 de setembro de 2008.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 10/09/2008
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