EU EXISTO SEM VOCÊ
EU EXISTO SEM VOCÊ
Marília L. Paixão
Eu não existo é sem paixão pelo que faço ou escrevo. Eu não existia era com você quebrando o copo enquanto ainda tinha sede. Eu não existia é quando me faltava ar ou chão, pois não me serve um corrimão, ou mesmo que fosse um caminhão de areia grossa para cobrir algum buraco de fossa, ainda assim estaria correndo de certos nomes com o seu que me deixava insone.
Não espere que daqui a pouco eu solte pelo ar uma pipa escrito um SIM para o atrasado pedido de desculpa, que do outro lado há uma pipa com o NÃO para esta mesmíssima repetição de palavras. Quem sabe as pipas substituem balões do coração da gente.
Será que ainda não deu para perceber que eu existo sem você? Pare um pouco e pense ao olhar ao redor onde não estou. Acha que onde paro estará perto do seu riso esperto ou do seu corpo mágico? Procure sua cartola. Conseguirá imaginar onde a joguei? Faça um esforço de gênio e quem sabe achará pelo menos um boné mesmo que não seja de rei, mas que lhe sirva sem mágica alguma.
Tirei da cartola as palavras que me pertenciam. Não lhe deixei meu nome e sequer novo endereço. Sabe onde é a rua de um novo começo?! Saiu do mapa. Agora na nova geografia ganhei novas calçadas. Do seu nome me lembrarei toda vez que estiver pisando certo pelas ruas de concreto. Eu existo sem você e isto é certo!
Saiba que não chora meu nome enquanto um novo sol me consome. Larguei a pipa do inverno em que minhas mãos ficavam frias. De qualquer forma nosso filme teve umas partes bonitas. Aprende-se com o que de melhor fica.