Fantástico: é o show da vida.
 
Deliciosa tarde de um domingo bem no meado do inverno.
Céu de brigadeiro iluminando São Paulo.
Na TV os melhores momentos das Olimpíadas de Pequim.
Tomasz Majewsky, se contorcendo em dores, ostenta no peito uma medalha de ouro.
É o homem mais forte do mundo no arremesso de peso.
Ele chora.
Na piscina, os músculos se contraindo e nasce o homem mais rápido do mundo nos 50m.
César Cielo, sobe mais alto no pódio, uma medalha de ouro no peito.
Ele chora.
Usain Bolt, se agacha, estica as pernas, dispara e em 9,72 segundos, se torna o homem mais rápido do mundo nos 100m.
Sobe no pódio com a medalha de ouro no peito.
Ele chora.
Esses homens se tornaram inesquecíveis, super heróis.
Eu assisto a tudo, ali na doce preguiça da espera no sofá.
Eu me esforço pra arremessar uma 
lata de cerveja vazia no lixo.
Eu demoro mais de 10 segundos pra ir do sofá 
até a geladeira buscar outra cheia.
Eu consigo no máximo nadar na banheira.
Eu também choro.
Às 15hs desse domingo em contrações naturais minha nora me deu o primeiro neto.
Se contorcendo em dores.
Ela chora.
Karô de Freitas Peres Rodrigues, minha medalha de ouro.
Ele chora.
Incrustado no meu peito, me fez o mais rápido, o mais forte e feliz homem da terra.
Ele me fez avô.
Eu choro.