EU SOU UM RIO
Eu sou um rio. Nasci nas grotas da Pedra Negra, fina corrente sem força. Depois, na busca de novos leitos, ganhei riachos, engrossei minhas águas.
Hoje, arrasto em correnteza, infinidades de seres.
Conforme meu curso, aumento ou diminuo meu volume. Dependendo do relevo sou lago ou cachoeira. Às vezes despenco de grandes alturas e quando chego ao chão, choro e me contorço em gritos e dores.
Às vezes sou represa para iluminar aqueles que pedem luz.
Sempre vou fundo buscando conhecer melhor meu leito. Procuro adubar minhas margens para que se tornem produtivas.
Ofereço minhas águas a pescadores, modestos peixes e lavadeiras que me encantam com seu canto.
Só não gosto de ser rio porque isso me limita. Sou obrigado a seguir meu curso, respeitando as margens. Quando transgrido as regras ditadas pela natureza, me transformo em pântano e lamaçal. A liberdade que busco, aproveito-a nas quedas e cachoeiras.
Assim vou seguindo meu curso, levando águas ora mansas, ora revoltas, na certeza de que encontrarei o MAR.