Pai...
Pai...
Hoje é o dia dos pais...
Todo mundo querendo comprar um presente, como forma de carinho...
Se bem que, tem gente que não pensa da mesma forma!
Tem gente que renega o próprio pai!
Tem gente que chuta o pai, discute, briga e até mesmo... bate no próprio pai!
Tem gente que interna o pai num asilo ou sanatório e o abandona!
Tem gente que quer ver o pai longe de casa! Pra que ele não encha o saco!
Tem gente que visita o pai, mas só quando está em dificuldades financeiras!
Tenho pena dessas pessoas que de uma forma ou outra, desprezam o próprio pai!
Não sabem, o valor que tem um pai! Mesmo o pior dos pais!
Mesmo aqueles em que os pais são separados, deveriam ser felizes! Afinal das contas o pai continua vivo!
Todo mundo tem um pai... eu não!...
Há muito tempo ele se foi. Vitima de um derrame cerebral.
Quando ele se foi, eu ainda era criança, hoje mal me lembro das suas feições...
Mas lembro dos seus carinhos, dos seus abraços, de uma voz serena e calma.
Ah, pai! Se eu pudesse, se eu tivesse uma única chance de te rever, diria assim:
Deixe-me abraçá-lo intensamente, pai! Muitas décadas se passaram desde o nosso último abraço!
Quem sabe se o senhor estivesse vivo, teria orgulho de mim!
Sei que nesta vida fiz muitas coisas erradas! Reconheço!
Mas boa parte, acho que não tive culpa.
Errei para acertar, pai. Eu não tinha o senhor por perto para me aconselhar, orientar, trocarmos uma idéia...
Aprendi na marra, com os meus próprios erros!
Tive que aprender muita coisa sozinho, que nem: pescar, namorar, estudar, trabalhar...
Ah, pai. Outra coisa que aprendi na época: aprendi a esperar que os outros meninos me dessem uma chance de jogar bola com eles, ou que os pais deles me colocassem no jogo!
Quantos não foram os tombos que tive, tentando me equilibrar em cima da bicicleta! Hoje eu dou risada, mas na época, doeram pra caramba!
Quantas pipas perdi, tentando empiná-las sozinho! Elas se rasgavam na grama, na cerca, nos postes,...
Sabia que levei mais tempo para aprender a nadar, que os outros meninos? O senhor não estava lá para me segurar. Me engasguei muito.
E na época do primário, do ginásio... quantas matérias com notas vermelhas! Chorava de raiva por não entender as matérias!
Da turma, acho que fui o último a dirigir um carro! Tive que freqüentar a auto-escola!
Cursinho; universidade... o abraço da mamãe na minha formatura foi bom, mas tenho a certeza que se o senhor estivesse lá, teria outra importância!
Formei-me na mesma profissão do senhor. Com certeza, foi sua influência! Não que o senhor tivesse me dito para ter essa profissão, mas acho que por mim mesmo, uma forma de te prestigiar.
Ainda olho aquela fotografia: o senhor sentado e eu no colo fazendo pose! E fico imaginando se o senhor estivesse vivo, como estaria o seu cabelo? Esse seu bigode, ainda estaria preto? Teria um monte de ruguinhas? O senhor ainda me abraçaria como sempre o fizera? Ainda teria carinho por mim?
Quero que o senhor saiba, que o jogo de bilboquê ainda machuca o meu dedão! E o iô-iô ainda continua a me acertar na testa! Não tem jeito! O iô-iô deve ser malvado!
Sempre caminho na orla do lago, imaginando que o senhor está ao meu lado, sem dizer nenhuma palavra, apenas como companhia. Tenho saudades das longas caminhadas que fazíamos e você sempre apontava uma curiosidade para mim. Lembra como eu corri feito um alucinado, quando uma borboleta pousou em mim? E aquela água que tomamos na mina? Que delícia de água! Pura! Eu ria à toa! Era um mundo de descobertas!
Hoje pai, o que eu mais queria, não era esse negócio de dar um presente. Mas ter de presente, um pai! O senhor! Como seria bom te rever! Te abraçar. Tenho tantas coisas para lhe dizer. Tantas coisas aconteceram que, acho que levaria dias... não! Levariam meses para colocarmos o papo em dia!
Que saudade meu pai. Que saudade eu tenho de você!...
Aonde quer que o senhor esteja, saiba que eu o amo de paixão! Que nunca lhe esquecerei! Pois o senhor é o meu herói, o meu pai...
Saudades de um filho... só!...
Ed Bass