UM DIA NA CIDADE MARAVILHOSA
O sol ainda não havia alcançado a base do Pico do maciço da Tijuca. Dava para ver da sala de trabalho do décimo quinto andar, do prédio do Centro Administrativo São Sebastião, sede da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Sempre que chego a esse local, passo alguns minutos a contemplar o que posso, tanto no lado norte, quanto do lado oeste; zona da Leopoldina e Centro norte respectivamente. Fico a espreitar os prédios novos que começam a despontar por entre os outros, as praças e o verde exuberante de suas arvores, as agitadas vias urbanas que cortam essa região, os transeuntes, que a passos rápidos circulam os corredores para pedestres e tudo mais que posso observar desse local estratégico, do ponto de vista, de um apreciador e observador das coisas da vida. Hoje porem, fiquei a admirar a serra da tijuca e seu pico mais alto. Por vezes, me pego a dizer: a natureza foi muito pródiga com a beleza natural desta cidade. Um relevo montanhoso, o verde em tons escuro e claro a contrastar com o azul intenso deste céu carioca. Os picos parecem atingir o firmamento, numa acepção entre o que realmente é e o que os nossos olhos podem perceber.
O dia de hoje é típico do Rio de Janeiro, não há nuvens nem ventos, há um brilho que é peculiar desta cidade maravilhosa. Olhando o maciço da Tijuca, ative-me em observar o vôo de algumas gaivotas que pareciam inertes no ar; em outro momento elas iam e voltavam num movimento de uma suavidade admirável. Foi quando lembrei da bonita história narrada no livro “Fernão Capelo Gaivota” do Richard Bach; aonde esses pássaros viviam a disputar migalhas de peixes, juntos aos barcos dos pescadores. Estas, no entanto, pareciam contemplar cá de cima, uma beleza quase emoldurada desse relevo, que só um único artista poderia tê-lo construído: o grande “Escultor do universo”.
Nessa calmaria das correntes de ar, estes pássaros aqueciam a plumagem e se deixavam levar a mercê dos ventos, por certos, a vislumbrar muito mais do que os meus olhos poderiam alcançar dentro da minha limitação humana. Quem sabe estas aves não estivessem a perceber todas as espécies de vidas que compõem o eco sistema desta maravilhosa floresta urbana; quiçá a mais bela floresta encravada em uma grande cidade.
Essas gaivotas traçavam inúmeras rotas, hora para a esquerda, hora para a direita, para cima e para baixo, como se perdidas estivessem; mas tanto de um lado como do outro, estavam lá, as praias, as colônias de pescas, os barcos pesqueiros e também seus marinheiros pescadores.
É que a cidade do Rio de Janeiro possibilita até aos pássaros contemplar sua beleza natural, um deslumbramento que não ocorre só com o individuo humano, mas permite as outras espécies à primazia da observação contemplativa do dia-a-dia desta imponente Metrópole.
A inquestionável beleza da cidade do Rio de Janeiro nos leva a um estado cataléptico, que nos transporta a um mundo de sonhos e fantasias que só quem nela vive, pode acordar e penetrar na verdadeira realidade de uma cidade verdadeiramente bela, mas com todas as mazelas que impedem a nós vivermos os sonhos por outros sonhados.
Os sonhos são para todos; a realidade é apenas, para aqueles que vivem na decantada "Cidade Maravilhosa".
Rio, 01 de agosto de 2008.
Feitosa dos Santos