LUZIA-HOMEM
LUZIA-HOMEM
Luzia era mais moleca de qualquer moleque que ousasse atravessar o seu caminho. Trabalhava na roça melhor de que muitos homens. Jogava futebol melhor que todo mundo. Andava a cavalo. Só não gostava de estudar. Com o passar dos anos descobriu que seu libido era masculino. E já começou a dar em cima das coleguinhas. Na escola, na rua, no meio da roça.
Bem diferente da Luzia-Homem, do naturalista Domingos Olímpio, de 1886.
Luzia aprendeu a fumar só para poder ganhar as meninas. Não ficou muito tempo na escola. Logo se mudou do seu bairro para a pequena cidade de Joaquim Távora. Ali fez de tudo. Atingiu a idade de 18 anos. Agora era livre para amar. Luzia não deu um homem bonito. Mas sua persistência ajudou a ganhar muitas meninas bonitas. Chegava a fazer inveja para os rapazes da cidadezinha, mas ela não se envergonhava. “Deixem que falem! Eu nasci, assim, vou ser sempre assim! Num to nem aí!” – dizia, entre um cigarro e um gole de cerveja.
Certa feita ela se atirou na frente de um ônibus que estava partindo, levando uma de suas namoradas.
Ela freqüentava os bailões, mas só dançava com mulheres. Luzia atacou tanto as mulheres que acabou tomando a mulher de um comerciante. Esta era muito bonita por sinal. Hoje elas vivem muito bem.
“Que se amem “aquelas” que se amam para que o amor “delas” possa acabar com o ódio no coração daqueles que não têm amor nenhum!” (Helio Ribeiro)
Theo Padilha, 30 de julho de 2008