A PRIMEIRA VEZ!
Por Ulisflávio Oliveira Evangelista
Sábado, 25 de fevereiro, Frederico resolveu sair com alguns amigos na véspera de seu décimo oitavo aniversário em um barzinho – Chop’s Bar – próximo mesmo de sua casa na Avenida Rubens Camilo. Era apenas uma pequena reuniãozinha, algumas garrafas de cerveja, porções de batatas fritas e para os fumantes, Renata e Paulo, alguns cigarros - é que na verdade, não tinham dinheiro para coisa melhor!Além de que, seus pais se propuseram a realizar uma pequena festinha no domingo só para os mais chegados, algo bastante pessoal e restrito aos familiares e amigos próximos.
Em meio a alguns goles de cerveja e mordidas nas batatas o grupo colocava a conversa em dia, lembravam um pouco da infância, os primeiros beijos, as paixões platônicas na escola e as meninas, soltaram meio que sem querer, até a data da primeira menstruação. É claro que neste momento, após um respeitoso silêncio todos caíram em gargalhada. Tudo havia mudado razoavelmente desde o dia que alguns começaram a trabalhar; Túlio por exemplo, iniciou a sua jornada em um comércio próximo ao centro da cidade como caixa, Renata era vendedora de uma loja de roupas no Shopping Verdes Mares e assim praticamente todos se ocupavam com outras atividades, além é claro dos estudos. Aquele era um ano decisivo, o vestibular se aproximava e a dúvida "do que fazer" há muito já rondava o pensamento deles, apenas o Rogério já se decidira sobre a sua escolha, Educação Física.
O relógio já marcava pouco mais das vinte e três horas, a conversa continuava muito empolgante, porém o dinheiro que acompanhava o grupo nem tanto, desta forma, resolveram se despedir e confirmar o encontro de logo mais na casa da família de Frederico, para a tão esperada festa que o próprio estaria encarregado dos preparativos do churrasco.
Frederico despede-se mais uma vez de todos e caminha lentamente em direção a sua casa localizada na própria Avenida Rubens Camilo, enquanto caminhava começou a cair uma leve garoa, se é que podemos chamar assim as dez gotas que caíram durante o trajeto de pouco mais de trezentos metros. Com as chaves na mão, ele abre primeiro os portões de metal pesado e coloração escura, mais alguns metros e finalmente a porta de sua casa.
Ao entrar, seus pais ainda estavam acordados assistindo ao final de um filme alemão, e ao perceberem a presença de Frederico o seu pai adianta-se e pergunta:
- E aí Fred, animado pra amanhã?
Numa entonação não menos empolgante Frederico responde:
- Tô. E por falar nisso vocês convidaram o Tio Jorge? Porque eu liguei hoje no início da tarde e ninguém atendeu...
- Eu liguei e eles já confirmaram – responde a sua mãe sem tirar os olhos da tevê.
- Então tá bom, vou subir tomar um banho e dormir!
- Boa noite Fred! – responde o seu pai.
Frederico sobe as escadas lentamente em direção ao seu quarto, enquanto se prepara para o banho, começa a pensar na conversa que tivera com o seu pai dias antes, parece até que ouvia ele dizendo:
“Dezoito anos, agora você já terá as suas próprias responsabilidades, a maioridade...”
Frederico sai do banho, veste o pijama e apaga a luz. Afinal a sua maioridade se aproxima!