Meu Pai Morreu - Parte II - A Convivência

Parte II – A convivência

Não veremos mais isso. Ele se foi. Não choro, apenas sinto uma dor seca em meu peito. Não consigo respirar direito. Antes, tudo era perfeito, mas eu não podia enxergar.

Ninguém que vivesse com ele saberia, entenderia. Ah, aquele sujeito. Incapaz, enrolado, sem tato, sem jeito. Em tudo que fazia eu encontrava defeito. Vai parecer brincadeira se eu apenas contar. Teria de filmar, e televisionar.

Como um filme. Não veremos mais isso. Ele se foi. Não veremos mais suas roupas rasgadas, o cabelo raspado, barba branca, mais parecendo uma criança, mesmo quando ficava por fazer.

O singelo olhar, parece um bebê, inocente, ingênuo, o olhar de um ser. Que pode gritar ou sorrir ao simplesmente olhar para você.

Não veremos mais. Não, não veremos mais. Não o veremos mais todo elegante. Ao sair do banho aquele elefante branco, minha irmã saberia do que estou falando.

Certos equipamentos em lugares estratégicos, manias até em tomar os remédios. Comprar e vender carros. Não, não vai mais comprar.

Nem vender.

Com sorriso no rosto, ele ia pregar, nas casas das pessoas, falar de Jeová. Ele sempre ficava, se o convidassem para almoçar. Não fazia desfeita, aceitava o café.

Estudos, revisitas, só queria estar lá, falava, brincava, se deixasse, não parava de falar. Com aquele seu jeito ingênuo estava sempre a conquistar, não importando a posição, sentado ou de pé.

Não veremos mais.

Continua...

Prima
Enviado por Prima em 28/07/2008
Código do texto: T1101683
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