AS CANTIGAS DE RODA  E OS COMPORTAMENTOS SOCIAIS

A barata diz que tem

Uma cama com colchão;

É mentira da barata,

Ela dorme é no chão.

È interessante pensar como as inocentes cantigas que alegraram nossa infância,refletem comportamentos sociais que sempre existiram,porém,nós,quase nunca nos apercebemos da velada crítica a esses comportamentos,que as cantigas de roda,retratam.

Pessoas existem,que,como a pobre baratinha da cantiga,vivem da mentira e da ilusão,tentando ser o que não é,fingindo ter o que não tem,para obter afirmação social,num mundo em que o TER vale mais que o SER.

Essas pessoas,devido á sua insegurança,passam pela vida,como no magistral verso de Chico:”vou fingindo que sou rico,prá ninguém zombar de mim.”

Coitados,vivem no terror de ser descoberto s,de que conheçam sua verdadeira situação,gastam o que não têm,aparentam o que não podem,querem marcar presença a qualquer custo,humilham e maltratam os inferiores na escala social,bajulam os poderosos,e são profundamente infelizes,porque,sendo eternos fingidores,em dado momento,já não sabem mais quem são;então,abarrotam os consultórios de psicanalistas,cheios de stress e crises de identidade,que,não raro acabam em suicidio ou enfarte.

Viver de aparências é terrível e letal.Meu pai chamava de “papagaio de pirata” aquelas pessoas que corriam para aparecer nas fotos atrás de políticos poderosos,por cima dos seus ombros,como o papagaio colorido da propaganda do Ron Montilla;os mais velhos,lembrarão.

Shakespeare tem uma frase genial na “Megera Domada”:”mais nobre é o gaio do que a cotovia,por ter plumagem mais bonita?”

 

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 21/07/2008
Reeditado em 15/11/2017
Código do texto: T1090232
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