UMA RELIGIÃO DE MILAGRES OU DE PARCIPAÇÃO?
UMA RELIGIÃO DE MILAGRES OU DE PARCIPAÇÃO?
“Eu não vejo, não sinto, não escuto, mas tenho certeza que Deus está aqui”(Sta. Terezinha do Menino Jesus). Assim essa protetora das missões dizia à sua irmã quando estava preste a morrer.
Interessante como nosso povo tem necessidade de sinais para poder acreditar mais e às vezes melhor.
É necessário que haja milagres, eventos fortes e de massa, sinais intensos que fazem as pessoas acreditarem que há algo inexplicável... Assim por diante.
Ainda hoje existem pessoas que necessitam de um jeito de viver a fé que acabam valorizando mais os milagres do que a Sagrada Escritura.
Vejo como está cristalizado nos corações e nas mentes das pessoas essa realidade fantasiosa e estrepitosa de manifestar as suas crenças.
Eu dou aulas de Sagrada Escritura para um grupo de oitenta pessoas. E duas vezes por semana refletimos a Sagrada Escritura a partir da história sócio-político-econônmico e religiosa de Israel, ou melhor, toda historia do povo hebreu o Apocalipse.
No decorrer do curso, eu observo que os alunos, todos trabalhando na comunidade, pessoas integradas na Igreja, têm uma mente cristalizada numa mitologia que criaram a partir dos pais e da própria Igreja sobre a Sagrada Escritura e nessa crença norteiam suas vidas.
Eles aprendem, aceitam a nova leitura teoricamente, mas de repente, um dois ou mais meses depois, fazem perguntas que mostram uma realidade tão antiga quanto antes de começar o curso.
Por exemplo: ao falar da saída do Egito, ou do início da criação, ou do nascimento de Jesus, ou outro texto; passado certo tempo, aparecem anfibologias que já deveriam ter sido sanadas, mas pelo teor das dúvidas, dá a perceber que realmente tudo o que foi passado, não foi assimilado.
Aquelas idéias antigas infiltradas muitas vezes pela própria Igreja, não saem da mente dos agentes eclesiásticos. E esses conceitos antigos realmente regem a vida dessas pessoas.
Uma mentalidade que acredita que só entra no céu quem é católico e que a massa arrasadora da população é pecadora e necessita de uma graça especial para poder garantir o paraíso.
Uma cristalização de valores religiosos que são extremamente lacrados nas mentes inclusive das lideranças de nossa Santa Madre Igreja.
E essa solidificação de valores é muito diferente do que chamamos de religiosidade popular. A primeira aprisiona as pessoas, a outra liberta.
Como solução, vejo que somente a massa mais jovem, com cabeça mais voltada para uma religiosidade de presença natural é que fará a mudança das cabeças concretizada sobre uma religiosidade fundamentalista e desinformada do que seja realmente a integração entre fé e vida.
É isso.
Acácio