CORAÇÃO SOLITÁRIO
Andando pela praia, cabelos voando ao sabor do vento, tendo os pés banhados pela espuma das ondas que em seu leve ir e vir apagava as marcas que ali eram deixadas.
Volta e meia, quando a onda vinha mais forte, chutava a água que ao cair pareciam pequenas gotas brilhantes devido ao reflexo do sol.
Mas somente seu corpo estava ali, pois seu pensamento corria veloz a procura de uma resposta, a procura de algo que acalmasse seu coração.
Cansada e andar, sentou-se sentindo a areia morna em contato com sua pele.
Encheu as mãos de areia deixando que ela caísse suavemente por entre os dedos, e olhando aquela queda suave, pensou que a mesma coisa estava acontecendo com sua vida.
E imaginou que por entre os imensos dedos do destino sua vida deslizava lentamente. Perguntas invadiam sua mente como em cascata e uma delas fez um suspiro sair do fundo do seu peito: Quanto ainda teria de areia naquela mão, e nesta parte que restava o que estaria reservado para ser vivenciado?
De repente sentiu a solidão apertar seu coração quase a fazê-la respirar com dificuldade.
Aquela dor que ela escondia do mundo por baixo de um sorriso parecia querer naquele momento explodir com toda a intensidade como o faria uma represa que de repente tivesse as comportas abertas.
Lágrimas transbordaram de seus olhos caindo sobre sua face como grossa cachoeira.
Já não era tão jovem, não tinha mais tanto tempo assim para viver seu sonho maior, a mais linda estória criada por seu coração carente de amor, por sua alma romântica e solitária.
Estaria fadada, neste mundo, a viver rodeada por tantas pessoas, mas sentindo-se só? Sabia o quanto era querida e a imensidão de carinhos que dedicavam a ela, e agradecia sinceramente a Deus por tudo isto, mas estava cansada das decepções, dos amores que enganam, das mentiras e falsidades.
Era exatamente isto, estava cansada.... muito cansada.
Deitou-se na areia, e olhando o céu muito azul quase sem nuvens, pediu a Deus em uma silenciosa oração que findasse aquela dor que a machucava, e que fizesse sorrir seu coração solitário.
Sentiu, neste momento, uma brisa suave passando por seu rosto como se fosse um beijo ou uma suave carícia.
Rosinha Barroso
01/07/2008