Pátio do Colégio
Era a melhor hora de todos, principalmente a de Fernando. A hora do recreio, o descanso pequeno que alegrava a todos, conversa animada, olho nas meninas, discussão se aquela era mais bonita do que a lourinha delicada, muito nova ainda... Que tempos gostosos.
Não se pensava em responsabilidade maior senão a de estudar, prestar atenção na aula para não ter muito trabalho para aprender a matéria dada. Conversas animadas, programas combinados, festa na casa de Sandra, como sempre com muita cuba-libre.
Rapazes e moças flertando, alguém dizendo que o professor de História parece que só tem aquele terno azul, falação sobre a nova professora de francês, uma moça linda.
Era mesmo um tempo agradável. Os jovens, como eu, que tinham autorização escrita pelos pais para fumar não eram impedidos. Fumar naquela época era um charme! Ao contrário de hoje, quem não fumava era malvisto. Mesmo as meninas mais atrevidinhas gostavam de fumar, mas não faziam isto na frente de todos. Fumavam nos banheiros.
Conversa solta eram comuns as trocas de confidências. “Regininha é boa demais, vi na praia ontem.” “Nada, a irmã é muito melhor!” E os olhos logo procuravam Regina, era bonita e mostrava que tinha belo corpo, impossível esconder, coisa que ela não fazia nunca... Era a paixão de Fernando, conhecido no colégio como um dos melhores alunos.
Não, ele não fazia o tipo de esquisitão, afastado de todos, não se misturando com alunos não brilhantes como ele. Para consolidar esta fama, ele juntava outra. Era campeão brasileiro de natação juvenil. Ninguém entendia como podia treinar tanto e estudar ao mesmo tempo. Mas nada! O cara era inteligente mesmo.
O tempo passa. O curso termina. Você não esperava que sua vida fosse mudar tanto. Faculdade, trabalho, horário corrido. Depois, responsabilidades maiores.
Casamento, filhos, idade avançando...
Fernando Antônio, Regininha, Sandra, o que foi feito de vocês? Nostalgia...