Viva Brasília!
VIVA BRASÍLIA!
Sandra Fayad
Sandra Fayad
Em várias oportunidades aqui em Brasília ou em viagens pelo País, tenho percebido que há uma diferença importante entre o que as pessoas pensam sobre a nossa Capital e o que ela é na realidade.
Sou leitora de poemas e crônicas de autoria dos demais colaboradores nos sites em que participo, e em outros que vou conhecendo por divulgarem obras e textos de autores talentosos da língua portuguesa. Certa vez, na importante Comunidade Maytê, deparei-me com um título que, de pronto, me chamou a atenção: “BRASÍLIA SERVIU ATÉ HOJE PARA QUÊ?” Um pouco incomodada, pus-me a ler o texto em destaque na coluna “Opinião”. Para entender melhor a posição defendida pelo autor, decidi ver sua biografia e, ao ter acesso a ela, lembrei-me que tempos atrás curti muitas vezes as interpretações musicais em LP e CD do grupo MPB-4, do qual faz parte o Sr. Aquiles Rique Reis, autor da frase acima.
Já que se trata de opinião, resolvi também dar a minha, que não será de fã para ídolo, mas de cidadã para cidadão. Vale dizer que estou apenas pegando este gancho para convidar as demais pessoas, que vêem em Brasília o berço da corrupção, a vir conhecê-la antes de julgá-la.
No seu texto, Aquiles, percebe-se que você desconhece a história desta cidade de apenas 47 anos de existência, que afirma não fazer a menor diferença. Nos dois primeiros parágrafos, com todo o respeito à sua opinião de que foi uma “ideia de jerico” de Juscelino Kubitschek transferir a Capital do Rio de Janeiro para cá, gostaria de lembrá-lo que em 1823 José Bonifácio já apresentava à Constituinte projeto de transferência, sugerindo o nome Brasília para a nova capital. Em 1892, foi nomeada uma comissão, denominada Missão Cruls, que, depois de dois anos de estudos, demarcou uma área de 14.400 km², conhecida como Quadrilátero Cruls, considerada adequada para a futura capital; e em 1922, foi colocada a pedra fundamental da cidade de Brasília em um local perto de Planaltina.
Nasci nesta região e tenho residência fixa aqui há 39 anos. Ao contrário de você e de alguns outros que encontrei pelos caminhos da vida, estou convencida de que, para milhões de outros brasileiros, Brasília fez e faz muita diferença sim. Vi na sua biografia que você viveu praticamente toda a sua vida no eixo Rio-São Paulo e em Niterói. Talvez não seja do seu conhecimento que, naquele ano de 1960, levava-se três dias e duas noites para percorrer, por terra, os 1.200 km que separam o interior de Goiás do Rio de Janeiro. Eu mesma fiz essa viagem e sei o quanto era arriscada e cansativa. Compreendo que não lhe foi possível acompanhar a integração das regiões Norte e Centro-Oeste com o resto do País e o seu consequente desenvolvimento. Era tão somente metade do território nacional abarrotado de riquezas pouco exploradas, mão de obra quase cem por cento desqualificada e economia baseada apenas no atendimento às necessidades básicas de uma população, sem perspectivas de melhoria das condições de conforto, educação e saúde e seus conseqüentes desdobramentos.
Há que se lembrar de que as riquezas aqui existentes serviram de imediato para fortalecer as indústrias metalúrgicas, madeireiras e de laticínios, e que as obras de construção da cidade geraram milhares de empregos em todas as áreas da economia, causando um boom, a partir da trilogia dinamismo, trabalho e enriquecimento de muitos empresários e até de pessoas físicas de todos os recantos do País, que acreditaram e investiram no empreendimento. Consideremos também os desdobramentos na geração de novos serviços na região beneficiada, como Construção Civil, Água e Energia, Educação, Saúde, Transportes, Beneficiamento de Grãos e Derivados do Leite. A mão de obra local, por ser despreparada, recebeu reforço de especialistas insatisfeitos e ávidos por sair do marasmo em se encontravam nos grandes centros urbanos. Esses e todos os que ofereceram seus serviços à execução do projeto fizeram um bom pé-de-meia rapidamente. Funcionários Públicos Federais, a grande maioria morando mal nos subúrbios do Rio de Janeiro e endividados, ganhavam até cinco salários a título de ajuda de custo, dois anos de “dobradinha”, apartamento funcional no centro da cidade e outras mordomias, para servir na nova Capital. Conheci gente bastante sincera que beijava o solo de Brasília, em sinal de gratidão; outros declaravam que iam ao Rio de férias com a família para curtir a praia, programa que não faziam quando estavam lá por falta de condições estruturais.
Eu e minha família fazemos parte de um grupo de milhares de pessoas que têm raízes nesta região e que aqui mudaram e/ou construíram a sua história de vida. Já somos quatro gerações beneficiadas com a transferência da Capital. Estamos certos de que o nosso futuro pensado ontem, o nosso presente vivido hoje e a realização dos nossos sonhos estão estreitamente vinculados à existência desta cidade. Respeito a sua posição quando afirma que se ela acabasse hoje, falta nenhuma haveríamos de sentir, mas digo-lhe que quase todos os brasileiros, de uma ou de outra forma, têm uma dívida de gratidão à JK pela iniciativa audaciosa de implementar esta obra, que beneficiou principalmente os cidadãos que andavam sem horizonte e sem perspectivas neste País.
Portanto, Brasília já nasceu mãe de muita gente e adotou ou gerou filhos maravilhosos, que se orgulham dela. Na música, podemos citar Renato Russo, Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), Herbert Viana (Paralamas do Sucesso), Zélia Duncan, Oswaldo Montenegro, Ney Matogrosso, Fred (Raimundos); na Arte e nas Letras, Françoise Fourton (atriz), Vânia Moreira Diniz (escritora); nos esportes, Nelson Piquet, Oscar Schimit (basquete), Marilson Gomes dos Santos (atletismo), César Castro (saltos ornamentais), Hugo Parisi (salto sincronizado), Rebeca Gusmão (natação), Mariana Ohata (triatlo), Leandro Macedo (triatlo), Luiza Rocha (boliche), Gabriela Crivelaro (ginástica rítmica desportiva) e muitos outros.
Orgulhamo-nos de ter duas das melhores Universidades Públicas do País e dezenas de outras particulares, a mais bela ponte do mundo, um dos mais maravilhosos pores-do-sol do planeta, a melhor qualidade de vida das Capitais Brasileiras juntamente com Curitiba, um sistema de atendimento ao cidadão eficiente (testei-o recentemente e fiquei maravilhada), avenidas largas, respeito às faixas de pedestres e às regras de trânsito - aqui não se usa buzina; temos consciência ecológica e política; capacidade de conviver com as mais variadas culturas do País e do Exterior, respeitando cada uma delas e evitando criticas ou gozações ao sotaque ou à origem.
A maioria dos residentes gosta de viajar para o litoral no verão, mas volta cheia de saudades da mordomia que é viver aqui. Desta mordomia, gostamos e queremos mais.
A corrupção e os desmandos políticos ocorrem no Brasil desde a sua colonização e tudo o que se vê hoje aqui, seria visto em qualquer outro lugar, especialmente na antiga capital, de onde é até mais fácil sair com malas de dinheiro para os paraísos fiscais, fazer conchavos com traficantes, varrendo para debaixo do tapete o lixo que caracteriza a maioria dos nossos políticos e seus beneficiários. A população brasiliense nada tem a ver com isso. Tanto é verdade que tradicionalmente escolhe candidatos comprometidos exclusivamente com seus anseios. Nós, brasilienses, temos muito orgulho da nossa cidade e do nosso povo, e costumamos lembrar aos que usam o nome de Brasília associado à corrupção e à má utilização dos recursos públicos que os maiores bandidos daqui são peregrinos exportados pelos demais Estados, que disponibilizaram seus nomes aos eleitores e por eles foram escolhidos para representá-los, nesta Unidade da Federação. Vivem à parte da nossa sociedade, servidos por poucos prestadores de serviço, que devem cumprir regras complicadas para ter o direito de atendê-los. Até preferimos dispensar a sua companhia porque, quando usam serviços próprios da comunidade, acabam provocando majoração por procura no nosso custo de vida. É que, por serem agraciados com remunerações muito acima da média da população, podem adquirir o que querem - especialmente imóveis, por preços também muito acima da média nacional, enquanto ficamos a ver navios.
Acredite! Os brasilienses, como todos os cidadãos de bem deste País, abominam as práticas vergonhosas típicas dos ambientes restritos aos Poderes constituídos através do seu, do meu, do nosso voto.
Viva Brasília!
Referência:
http://comunidademayte.com/Portal/artigos.php?id=597&idCanal=8
Eis o texto do Aquiles!
BRASÍLIA SERVIU ATÉ HOJE PARA QUÊ?
Aquiles Rique Reis *
Escrita por Maria Adelaide Amaral, vem aí uma nova minissérie da TV Globo. Ela certamente incensará a biografia de Juscelino Kubitschek de Oliveira, personagem para lá de carismático, tido hoje como exemplo político a ser seguido. Puro xaveco!
Eleito presidente da República em 1955, ele bota pra jambar e institui um plano de metas que prevê realizar em 5 anos obras que só poderiam ser feitas em 50 anos Mas é com a idéia de jerico de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília que ele fica definitivamente gravado no imaginário dos brasileiros.
Cassado pelo golpe militar de 1964, sua morte num acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra em 1976, é ainda hoje um mistério. Há quem desconfie de um "Código 12" ("acidente premeditado", no jargão dos órgãos militares de Segurança). Mas me dá meu boné que isto já é outra história. Garçom, um hi-fi!
Não sei que aspectos da personalidade de JK, um mineiro apreciador de serestas, Maria Adelaide pretende destacar, se o de namorador ou o de político audacioso. Mas certamente esta notável escritora fará com que conheçamos melhor, ainda que superficialmente, como convém a uma minissérie televisiva, a trajetória desse diamantinense. E bastarão alguns capítulos para que os brasileiros talvez sintam a mesma euforia sentida pelo povo durante o seu governo (1955/1961) e, com ela, quem sabe, a esperança torne a fazer parte do nosso dia-a-dia. Ainda que meio mixa.
Mas nem tudo eram flores nos Anos JK. A imprensa se fartava de denunciar indícios de corrupção, tendo à frente o Presidente da República. A inflação já dava as caras, com preocupantes 13% ao ano. Além disso, projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a nova capital era fundada em 21 de abril de 1960. Enquanto os políticos se refugiavam lá no meio do cerrado, verdadeira sopa no mel para eles, nós ficávamos a neném, meio que a Bangu, morou?
Não quero parecer amigo da onça, nem desmancha-prazeres, mas, vem cá, precisava construir Brasília? Por mais borogodó que se veja no Plano Piloto; por mais parangolés que se tenha feito quando da inauguração; por mais de araque que tenham sido as denúncias de que os custos da mega-construção foram superfaturados; por mais matusquela que se suspeitasse ser JK, o presidente bossa-nova; por mais que existam coisas às pampas a serem enaltecidas, eu digo que a corrupção, praga das pragas, junto com a impunidade, começou a ganhar corpo graças à lonjura de Brasília. Digo mais: se ela acabasse hoje (virtualmente, vá lá!), falta nenhuma haveríamos de sentir dela.
Caso Brasília houvesse ao menos seguido o exemplo da Bossa Nova e do Cinema Novo - que acabaram mas deixaram seguidores de igual talento para seguir em frente -, e houvesse também criado um jeito novo de fazer política, até que tudo bem. Mas não, o que se viu e vê em Brasília, ontem como hoje, é um bando de político incapaz de merecer ter o nome inscrito na história. Mocorongos!
A Bossa Nova, liderada por João Gilberto, consagrou um novo modo de cantar e tocar. Nelson Pereira dos Santos criou um novo cinema até então inimaginável. E hoje a música e o cinema são duas das principais manifestações da cultura popular brasileira. Já JK criou Brasília e pouquíssimos políticos que lá estiveram, desde então, serviram para dar continuidade a qualquer coisa que prestasse. Haja bafafá!
Evidentemente, a cidade não tem culpa alguma do que fazem, ou deixam de fazer, os senhores parlamentares. O problema é que quase todo mundo em Brasília sobrevive em torno do poder político que JK, em má hora, levou para lá.
É de lascar o cano, imaginar que temos de ficar eternamente com a pulga atrás da orelha, só de imaginar a fuzarca que, desde então, lá em Brasília, Suas Excelências fazem com o dinheiro de nossos impostos.
PS.: Reforcei minha memória, relendo o livro supimpa de Joaquim Ferreira dos Santos Feliz 1958: o ano que não devia terminar, ed. Record.
PS. 2: Que 2006 nos encontre com saúde e íntegros, leitor, é o que eu desejo. Felicidades!
* Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4, produtor e apresentador do programa O Gogó de Aquiles, na Rádio Roquete Pinto FM do Rio de Janeiro, às segundas-feiras, das 15h às 16h: http://www.fm94.rj.gov.br - Leia mais sobre o autor
Obs.: Este texto foi escrito e publicado em 2006. De 2010 até 2014, o Distrito Federal experimentou momentos delicados, com alternância forçada de poder. Perdeu parte do seu brilho, mas não do amor de habitantes, que agora comemoram tempos promissores.
Sou leitora de poemas e crônicas de autoria dos demais colaboradores nos sites em que participo, e em outros que vou conhecendo por divulgarem obras e textos de autores talentosos da língua portuguesa. Certa vez, na importante Comunidade Maytê, deparei-me com um título que, de pronto, me chamou a atenção: “BRASÍLIA SERVIU ATÉ HOJE PARA QUÊ?” Um pouco incomodada, pus-me a ler o texto em destaque na coluna “Opinião”. Para entender melhor a posição defendida pelo autor, decidi ver sua biografia e, ao ter acesso a ela, lembrei-me que tempos atrás curti muitas vezes as interpretações musicais em LP e CD do grupo MPB-4, do qual faz parte o Sr. Aquiles Rique Reis, autor da frase acima.
Já que se trata de opinião, resolvi também dar a minha, que não será de fã para ídolo, mas de cidadã para cidadão. Vale dizer que estou apenas pegando este gancho para convidar as demais pessoas, que vêem em Brasília o berço da corrupção, a vir conhecê-la antes de julgá-la.
No seu texto, Aquiles, percebe-se que você desconhece a história desta cidade de apenas 47 anos de existência, que afirma não fazer a menor diferença. Nos dois primeiros parágrafos, com todo o respeito à sua opinião de que foi uma “ideia de jerico” de Juscelino Kubitschek transferir a Capital do Rio de Janeiro para cá, gostaria de lembrá-lo que em 1823 José Bonifácio já apresentava à Constituinte projeto de transferência, sugerindo o nome Brasília para a nova capital. Em 1892, foi nomeada uma comissão, denominada Missão Cruls, que, depois de dois anos de estudos, demarcou uma área de 14.400 km², conhecida como Quadrilátero Cruls, considerada adequada para a futura capital; e em 1922, foi colocada a pedra fundamental da cidade de Brasília em um local perto de Planaltina.
Nasci nesta região e tenho residência fixa aqui há 39 anos. Ao contrário de você e de alguns outros que encontrei pelos caminhos da vida, estou convencida de que, para milhões de outros brasileiros, Brasília fez e faz muita diferença sim. Vi na sua biografia que você viveu praticamente toda a sua vida no eixo Rio-São Paulo e em Niterói. Talvez não seja do seu conhecimento que, naquele ano de 1960, levava-se três dias e duas noites para percorrer, por terra, os 1.200 km que separam o interior de Goiás do Rio de Janeiro. Eu mesma fiz essa viagem e sei o quanto era arriscada e cansativa. Compreendo que não lhe foi possível acompanhar a integração das regiões Norte e Centro-Oeste com o resto do País e o seu consequente desenvolvimento. Era tão somente metade do território nacional abarrotado de riquezas pouco exploradas, mão de obra quase cem por cento desqualificada e economia baseada apenas no atendimento às necessidades básicas de uma população, sem perspectivas de melhoria das condições de conforto, educação e saúde e seus conseqüentes desdobramentos.
Há que se lembrar de que as riquezas aqui existentes serviram de imediato para fortalecer as indústrias metalúrgicas, madeireiras e de laticínios, e que as obras de construção da cidade geraram milhares de empregos em todas as áreas da economia, causando um boom, a partir da trilogia dinamismo, trabalho e enriquecimento de muitos empresários e até de pessoas físicas de todos os recantos do País, que acreditaram e investiram no empreendimento. Consideremos também os desdobramentos na geração de novos serviços na região beneficiada, como Construção Civil, Água e Energia, Educação, Saúde, Transportes, Beneficiamento de Grãos e Derivados do Leite. A mão de obra local, por ser despreparada, recebeu reforço de especialistas insatisfeitos e ávidos por sair do marasmo em se encontravam nos grandes centros urbanos. Esses e todos os que ofereceram seus serviços à execução do projeto fizeram um bom pé-de-meia rapidamente. Funcionários Públicos Federais, a grande maioria morando mal nos subúrbios do Rio de Janeiro e endividados, ganhavam até cinco salários a título de ajuda de custo, dois anos de “dobradinha”, apartamento funcional no centro da cidade e outras mordomias, para servir na nova Capital. Conheci gente bastante sincera que beijava o solo de Brasília, em sinal de gratidão; outros declaravam que iam ao Rio de férias com a família para curtir a praia, programa que não faziam quando estavam lá por falta de condições estruturais.
Eu e minha família fazemos parte de um grupo de milhares de pessoas que têm raízes nesta região e que aqui mudaram e/ou construíram a sua história de vida. Já somos quatro gerações beneficiadas com a transferência da Capital. Estamos certos de que o nosso futuro pensado ontem, o nosso presente vivido hoje e a realização dos nossos sonhos estão estreitamente vinculados à existência desta cidade. Respeito a sua posição quando afirma que se ela acabasse hoje, falta nenhuma haveríamos de sentir, mas digo-lhe que quase todos os brasileiros, de uma ou de outra forma, têm uma dívida de gratidão à JK pela iniciativa audaciosa de implementar esta obra, que beneficiou principalmente os cidadãos que andavam sem horizonte e sem perspectivas neste País.
Portanto, Brasília já nasceu mãe de muita gente e adotou ou gerou filhos maravilhosos, que se orgulham dela. Na música, podemos citar Renato Russo, Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), Herbert Viana (Paralamas do Sucesso), Zélia Duncan, Oswaldo Montenegro, Ney Matogrosso, Fred (Raimundos); na Arte e nas Letras, Françoise Fourton (atriz), Vânia Moreira Diniz (escritora); nos esportes, Nelson Piquet, Oscar Schimit (basquete), Marilson Gomes dos Santos (atletismo), César Castro (saltos ornamentais), Hugo Parisi (salto sincronizado), Rebeca Gusmão (natação), Mariana Ohata (triatlo), Leandro Macedo (triatlo), Luiza Rocha (boliche), Gabriela Crivelaro (ginástica rítmica desportiva) e muitos outros.
Orgulhamo-nos de ter duas das melhores Universidades Públicas do País e dezenas de outras particulares, a mais bela ponte do mundo, um dos mais maravilhosos pores-do-sol do planeta, a melhor qualidade de vida das Capitais Brasileiras juntamente com Curitiba, um sistema de atendimento ao cidadão eficiente (testei-o recentemente e fiquei maravilhada), avenidas largas, respeito às faixas de pedestres e às regras de trânsito - aqui não se usa buzina; temos consciência ecológica e política; capacidade de conviver com as mais variadas culturas do País e do Exterior, respeitando cada uma delas e evitando criticas ou gozações ao sotaque ou à origem.
A maioria dos residentes gosta de viajar para o litoral no verão, mas volta cheia de saudades da mordomia que é viver aqui. Desta mordomia, gostamos e queremos mais.
A corrupção e os desmandos políticos ocorrem no Brasil desde a sua colonização e tudo o que se vê hoje aqui, seria visto em qualquer outro lugar, especialmente na antiga capital, de onde é até mais fácil sair com malas de dinheiro para os paraísos fiscais, fazer conchavos com traficantes, varrendo para debaixo do tapete o lixo que caracteriza a maioria dos nossos políticos e seus beneficiários. A população brasiliense nada tem a ver com isso. Tanto é verdade que tradicionalmente escolhe candidatos comprometidos exclusivamente com seus anseios. Nós, brasilienses, temos muito orgulho da nossa cidade e do nosso povo, e costumamos lembrar aos que usam o nome de Brasília associado à corrupção e à má utilização dos recursos públicos que os maiores bandidos daqui são peregrinos exportados pelos demais Estados, que disponibilizaram seus nomes aos eleitores e por eles foram escolhidos para representá-los, nesta Unidade da Federação. Vivem à parte da nossa sociedade, servidos por poucos prestadores de serviço, que devem cumprir regras complicadas para ter o direito de atendê-los. Até preferimos dispensar a sua companhia porque, quando usam serviços próprios da comunidade, acabam provocando majoração por procura no nosso custo de vida. É que, por serem agraciados com remunerações muito acima da média da população, podem adquirir o que querem - especialmente imóveis, por preços também muito acima da média nacional, enquanto ficamos a ver navios.
Acredite! Os brasilienses, como todos os cidadãos de bem deste País, abominam as práticas vergonhosas típicas dos ambientes restritos aos Poderes constituídos através do seu, do meu, do nosso voto.
Viva Brasília!
Referência:
http://comunidademayte.com/Portal/artigos.php?id=597&idCanal=8
Eis o texto do Aquiles!
BRASÍLIA SERVIU ATÉ HOJE PARA QUÊ?
Aquiles Rique Reis *
Escrita por Maria Adelaide Amaral, vem aí uma nova minissérie da TV Globo. Ela certamente incensará a biografia de Juscelino Kubitschek de Oliveira, personagem para lá de carismático, tido hoje como exemplo político a ser seguido. Puro xaveco!
Eleito presidente da República em 1955, ele bota pra jambar e institui um plano de metas que prevê realizar em 5 anos obras que só poderiam ser feitas em 50 anos Mas é com a idéia de jerico de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília que ele fica definitivamente gravado no imaginário dos brasileiros.
Cassado pelo golpe militar de 1964, sua morte num acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra em 1976, é ainda hoje um mistério. Há quem desconfie de um "Código 12" ("acidente premeditado", no jargão dos órgãos militares de Segurança). Mas me dá meu boné que isto já é outra história. Garçom, um hi-fi!
Não sei que aspectos da personalidade de JK, um mineiro apreciador de serestas, Maria Adelaide pretende destacar, se o de namorador ou o de político audacioso. Mas certamente esta notável escritora fará com que conheçamos melhor, ainda que superficialmente, como convém a uma minissérie televisiva, a trajetória desse diamantinense. E bastarão alguns capítulos para que os brasileiros talvez sintam a mesma euforia sentida pelo povo durante o seu governo (1955/1961) e, com ela, quem sabe, a esperança torne a fazer parte do nosso dia-a-dia. Ainda que meio mixa.
Mas nem tudo eram flores nos Anos JK. A imprensa se fartava de denunciar indícios de corrupção, tendo à frente o Presidente da República. A inflação já dava as caras, com preocupantes 13% ao ano. Além disso, projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a nova capital era fundada em 21 de abril de 1960. Enquanto os políticos se refugiavam lá no meio do cerrado, verdadeira sopa no mel para eles, nós ficávamos a neném, meio que a Bangu, morou?
Não quero parecer amigo da onça, nem desmancha-prazeres, mas, vem cá, precisava construir Brasília? Por mais borogodó que se veja no Plano Piloto; por mais parangolés que se tenha feito quando da inauguração; por mais de araque que tenham sido as denúncias de que os custos da mega-construção foram superfaturados; por mais matusquela que se suspeitasse ser JK, o presidente bossa-nova; por mais que existam coisas às pampas a serem enaltecidas, eu digo que a corrupção, praga das pragas, junto com a impunidade, começou a ganhar corpo graças à lonjura de Brasília. Digo mais: se ela acabasse hoje (virtualmente, vá lá!), falta nenhuma haveríamos de sentir dela.
Caso Brasília houvesse ao menos seguido o exemplo da Bossa Nova e do Cinema Novo - que acabaram mas deixaram seguidores de igual talento para seguir em frente -, e houvesse também criado um jeito novo de fazer política, até que tudo bem. Mas não, o que se viu e vê em Brasília, ontem como hoje, é um bando de político incapaz de merecer ter o nome inscrito na história. Mocorongos!
A Bossa Nova, liderada por João Gilberto, consagrou um novo modo de cantar e tocar. Nelson Pereira dos Santos criou um novo cinema até então inimaginável. E hoje a música e o cinema são duas das principais manifestações da cultura popular brasileira. Já JK criou Brasília e pouquíssimos políticos que lá estiveram, desde então, serviram para dar continuidade a qualquer coisa que prestasse. Haja bafafá!
Evidentemente, a cidade não tem culpa alguma do que fazem, ou deixam de fazer, os senhores parlamentares. O problema é que quase todo mundo em Brasília sobrevive em torno do poder político que JK, em má hora, levou para lá.
É de lascar o cano, imaginar que temos de ficar eternamente com a pulga atrás da orelha, só de imaginar a fuzarca que, desde então, lá em Brasília, Suas Excelências fazem com o dinheiro de nossos impostos.
PS.: Reforcei minha memória, relendo o livro supimpa de Joaquim Ferreira dos Santos Feliz 1958: o ano que não devia terminar, ed. Record.
PS. 2: Que 2006 nos encontre com saúde e íntegros, leitor, é o que eu desejo. Felicidades!
* Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4, produtor e apresentador do programa O Gogó de Aquiles, na Rádio Roquete Pinto FM do Rio de Janeiro, às segundas-feiras, das 15h às 16h: http://www.fm94.rj.gov.br - Leia mais sobre o autor
Obs.: Este texto foi escrito e publicado em 2006. De 2010 até 2014, o Distrito Federal experimentou momentos delicados, com alternância forçada de poder. Perdeu parte do seu brilho, mas não do amor de habitantes, que agora comemoram tempos promissores.