Tempestade

A chuva molha a cidade já faz algum tempo, começara fininha, mas agora ganhou fôlego. Por instantes pensei nas mil coisas que tenho que resolver antes que o dia termine, mas me falta coragem de enfrentar o temporal.

Numa tarde como essa não dá vontade de sair do quarto. Na verdade, o mundo que circunda essa janela daqui do lado parece nos empurrar pra dentro de casa.

Sabe, o que de fato eu queria agora era deitar do seu lado e esperar a chuva cair lá fora. Sentir frio e medo dos relâmpagos e trovões abraçando você.

Era isso. Esperar a chuva cair comendo biscoito, dando um beijinho aqui e outro ali, sentada de pernas cruzadas, na posição de lótus, contando o meu dia a você. Sei que a gente tem muita coisa para se preocupar, principalmente com o futuro. O futuro que vai chegar e mudar as coisas de lugar, afinal, ninguém sabe dele. Talvez não tenhamos tempo pra parar em tardes como essa. Cinza, com muito vento e aparência de chuva. Tardes assim só é bom pra ficar pertinho.

É verdade que diversos compromissos e responsabilidades nos esperam, principalmente numa quarta-feira, bem no meio da semana! Mas hoje, principalmente hoje, nessa tarde feia eu queria você aqui do meu ladinho. Do lado direito do sofá implicando, mexendo comigo. Ficando em silêncio e deixando ele falar por nós dois.

Se escurecesse logo e faltasse energia, a gente procuraria lanterna ou vela e fósforo, o telefone não funcionaria e os dois meninos de ontem, eu e você, iam parecer adultos em casa em plena tempestade.

Nesse momento, agora, queria você aqui. Por que você não vem?

Madalena Sofia Galvão Viana
Enviado por Madalena Sofia Galvão Viana em 25/06/2008
Código do texto: T1051377
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