Pôquer e política
Uma eleição é, tal qual uma rodada de pôquer, um jogo em que é preciso unir habilidade, sorte, blefe e, claro, saber como valorizar as cartas que estão em sua mão e analisar com muita cautela as reações de seus adversários. É um jogo onde há muita psicologia. Ao sentar-se na mesa, cada um sabe as fichas que tem para apostar. As cartas são distribuídas e você logo vê como está a sua mão. Paga para o crupiê abrir as cartas na mesa. Volta a olhar para a sua mão (não descuide do Poker Face, jamais demonstre suas reações às cartas em sua mão) e analise a reação dos adversários. Vão pedir para sair? Vão apostar para seguir no jogo? Analise friamente as reações de quem esteja com boa mão e de quem esteja blefando. Geralmente quem está blefando, é também vulnerável ao blefe do outro e, logo, passa a vez. Há também quem não sabe jogar, se emociona quando está com um par de Ases e já acha que ganhou o jogo, mas desse jeito só vai pagando apostas e perdendo suas fichas. Assim, só fica na mesa quem sabe que tem fichas para apostar ou quem tem boas cartas para jogar.
E eu estou ali, com um Full House em mãos. Aposto. O outro aumenta a aposta. Volto a olhar para as minhas fichas, o quanto me custou conquistá-las. Analiso. "Posso levar essa mesa", eu penso. "Sei que a minha mão está boa. E também sei como dominar esse jogo". Volto a olhar para o adversário. Ele sua frio. Será que ele teria uma Four of a Kind ou um Straight Flush? Posso arriscar, manter a serenidade e seguir apostando minhas fichas como se eu tivesse um Royal Flush em mãos. O problema é que, cada vez que eu aumentar a aposta, o adversário pode fazê-lo em dobro, até que se acabem as minhas fichas (e eu não sou louco de ir All Winn) e, aí, posso perder as minhas fichas. É preciso respeitar o adversário, nunca subestimá-lo e nem se superestimar. Por isso, no pôquer e na política, é preciso saber a hora de apostar e de pagar para ver, sem deixar as emoções jogarem por você. Nesta rodada pelo menos, eu passo a vez.