Caboclo

Caboclo

Ele chegou sorrateiro, tímido.

Com jeito caboclo, esgueirando se.

Encostou-se na porta, meio corpo,

Ficou a me olhar, olhar de caboclo,

Parei a conversa, ouvi.

Disse-me, - bom dia,e estendeu me a mão

Mão grossa com calos, mão de caboclo...

- Bom dia ! Respondi.

Silêncio se fez, silêncio de caboclo.

-Pois não, o que manda, perguntei,

-Faço setenta anos hoje

É meu aniversario, (voz cabocla tímida)

-Parabéns, respondi indiferente.

-Não tem nada para me dar? Perguntou.

-Não, rápido e frio – Interceptei.

E ele se foi, andar de caboclo!

Deixou-me pensativo

Arrependido até, não era mendigo;

Mendigo qualquer

Era só um caboclo

Um caboclo só

Urano de Sousa 19/08/90

Urano
Enviado por Urano em 22/06/2008
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