Caboclo
Caboclo
Ele chegou sorrateiro, tímido.
Com jeito caboclo, esgueirando se.
Encostou-se na porta, meio corpo,
Ficou a me olhar, olhar de caboclo,
Parei a conversa, ouvi.
Disse-me, - bom dia,e estendeu me a mão
Mão grossa com calos, mão de caboclo...
- Bom dia ! Respondi.
Silêncio se fez, silêncio de caboclo.
-Pois não, o que manda, perguntei,
-Faço setenta anos hoje
É meu aniversario, (voz cabocla tímida)
-Parabéns, respondi indiferente.
-Não tem nada para me dar? Perguntou.
-Não, rápido e frio – Interceptei.
E ele se foi, andar de caboclo!
Deixou-me pensativo
Arrependido até, não era mendigo;
Mendigo qualquer
Era só um caboclo
Um caboclo só
Urano de Sousa 19/08/90