AMOR DE ÚLTIMA GERAÇÃO
AMOR DE ÚLTIMA GERAÇÃO
Marília L. Paixão
Hoje eu estou puta, estou com raiva. Será que eu vestiria até a camiseta que vi agora a pouco na lojinha de tatuagem escrito em camuflagem: “Não perturbe o psicopata.”?
Hoje eu estou pedalando sobre peixes e pescando dentro do asfalto. Se encontrar um grilo falante feito a rosa eu mesmo o mato. Se encontrasse a Mônica da infância desafiaria a tonta.
Hoje eu construiria um muro mais alto que o de Berlim. Só para não lhe deixar mais chegar perto de mim. Hoje eu assustaria todas as Anas bobinhas das terras elevadas.
Hoje eu não escreveria mais nada se fosse do tipo que perdesse a inspiração. Mas a ira não me atrapalha em nada não! Nem em te socorrer se você jurasse amor por mim depois de morto.
Pois enquanto vivo, o seu amor não está prestando.
Eu não te amo, eu não te amo, eu não te amo.
Eu não te amo e você ainda não morreu. Já me esqueceu?
Eu já estou no morro em que a subida me derruba em outros braços.
Eu já estou no morro em que eu mesma me acudo e me afago.
Você já não merece de mim sequer um palavrão.
Assim são os amores desta geração
Tempestades de vento
Madeiras de tufão
Internet, delírio
Vaga net, colírio
Colisão de dedos e mãos
A teia que se rompe fácil é a mais bela dentro do coração.