A LISTA
As moléculas reagem.
Os ácaros sentem.
Os eletrônicos estragam.
Os sentidos se abalam.
O bom humor vai embora.
O choro floresce.
A risada fica maligna.
O cachorro se esconde.
A música perde a graça.
O corpo cansa.
A boca fica seca.
O chão parece sujo.
O sol desaparece.
O frio domina.
O celular não toca.
A mesa quebra.
A vingança acorda.
O medo aflora.
A lâmpada não ilumina.
Ninguém se encanta.
O silêncio conspira.
O desespero aparece.
O joelho dói.
O cabelo cai.
A festa acaba.
O assunto muda.
O ácido não evapora.
A poeira não faz diferença.
O céu escurece.
O trabalho aborrece.
Mais um plano surge.
A laranja apodrece.
O canto é vazio.
A árvore morre.
A nota é outra.
O tempo pára.
O que se vê é miragem.
A crença se perde.
Todo o mundo amortece.
A chave não é mais essa.
Nada é real.
Os fantasmas se encontram.
As vozes gritam.
A balbúrdia mental se instala.
O sonho se desintegra.
O coração endurece.
Os dedos não respondem.
A bebida não resolve.
A lama se espalha.
O relógio incomoda.
A flecha não acerta o alvo.
O caminho é outro.
Os dentes se encostam.
As moscas fazem guerra.
A entrada se fecha.
O nó se solta.
Ela aperta o botão.
Ele desliga a mente.
O vento avisa.
A penugem se deixa levar.
A água ferve.
As palavras fogem.
A consciência fica boiando.
O laço arrebenta.
O café esfria.
A chuva não pára.
O sapato machuca.
O amor não resiste.
A flauta flutua.
A lua emudece.
A espada descansa.
A areia fica molhada.
O desconforto cresce.
Os pedaços se separam.
O dia é só mais um dia.
A cor desbota.
O livro não conforta.
O acerto vira erro.
A intenção se disfarça.
O disfarce predomina.
A mentira toma corpo.
O que era bom já não é mais tanto.
Alguém diz que é normal.
A natureza se opõe.
Os amigos se afastam.
O bom senso vira farsa.
A carne fede.
O brinquedo não é mais para crianças.
A menina não entende.
A comida fica sem gosto.
O trem atrasa.
As mãos suam.
O jogo escraviza.
A justiça falha.
O malvado sorri.
A grama queima.
O piano deixa de ser mágico.
A cama esfria.
O biscoito esfarela.
A solidão impera.
O controle não é mais nosso.
A planta agoniza.
O palco é permanente.
As janelas parecem sujas.
É o que acontece quando a inveja ocupa o trono.