A LÍNGUA FERE MAIS QUE A ESPADA
Crônica do dia a dia.
O amor é definido como um sentimento inefável da alma, entretanto, esse evento sutil, não-físico e anímico, traz em seu bojo dois outros sentimentos, pois ele geralmente vem acompanhado do sentimento do medo e da dor.
O medo consiste em ser preterido no amor pela outra parte ou, até mesmo, ser magoado por qualquer destemperamento do outro, pois as pessoas dizem coisas e não pensam no que realmente estão dizendo.
E, desse tratamento destemperado surge uma dor, sabemos que é uma dor para a qual não existe analgésico capaz de aplacá-la, somente o tempo é que tem a capacidade de curá-la ou, um pedido de perdão sincero.
Quando ocorrem esses desajustes comportamentais, quer nos parecer que ambos têm razão.
Mas na verdade foi um só que pecou, todavia, se forem de boa cepa ou tiverem berço, logo depois se desculpam e choram pela falta de polidez cometida, e assim, em seguida pedem de forma insistente o famoso: “me perdoa”.
Ainda bem!
Como seria bom se as pessoas pensassem antes de falar, pois a língua fere mais que a espada e, normalmente, o que vem à língua é porque o coração dele está cheio.
Imaginar, realizar sonhos, desejar e conquistar, tudo na vida é possível, apenas não será a partir do momento em que não nos importarmos mais com as pequenas coisas da vida.
Aquelas pequenas coisas que transformam e nos dão o gigantesco prazer de estar aqui, vivendo, aliás, sobrevivendo a esse mundo.
A polidez, a elegância no trato é de fato muito importante no relacionamento das pessoas, nunca se deve tratar o outro como um inimigo em potencial, pois não estamos habitando mais as cavernas, quando o hominídeo resmungava de forma gutural apenas um: Hugue! Hugue! Hugue!
Aqui seria bom lembrar-se de Gibran Khalil Gibran que dizia o seguinte: “A linguagem é uma fonte de desentendimento”.
Nem sempre!
Que me desculpe Gibran, mas a linguagem é uma fonte de inumeráveis possibilidades para o conserto das coisas, se não fosse o serviço da diplomacia as nações viviam em eterna guerra.
Pois diz o ditado que, dois brigam quando um quer, assim já falava o meu saudoso avô e que Deus o tenha, pois era um diplomata nato.
Nele, que era analfabeto, residia como informação dos seus ancestrais essa carga genética do bom entendimento.
Tem-se dito que a sabedoria não se aprende nas universidades, mas nos é presenteada talvez por um fator genético ou por algo sutil e totalmente inescrutável.
Muitos casais já se desfizeram por falta de controle da língua, dizem todos os impropérios e, depois, orgulhosos não voltam atrás para se desculpar.
São necessários dois elementos ou comportamentos para uma boa vivência, seja ela de caráter ou ocasião que for.
Casais, amigos, visinhos, namorados, coleguinhas, sempre será necessário o exercício do equilíbrio e da tolerância, sem essas duas ferramentas fica-se vulnerável à discórdia.
Já dizia o poeta Mário Quintana, o sábio velhinho gaucho que: “Perdoar é fácil, o difícil é esquecer”, é por isso caro e saudoso poeta, que sempre é necessário o uso da ferramenta da tolerância, senão, nunca haverá perdão mesmo.