Obrigado, Galinho!

Milton Neves entrevista Zico.

Não sou fã do jornalista, mas do galinho, não preciso nem falar. Aí o motivo de estar assistindo ao programa.

Minha mãe senta no sofá assistindo, quando Milton Neves encerra a entrevista falando:

- Nem chorei!

Minha mãe pergunta num tom, ao meu ver, irônico:

- Não chorou... Por quê? Deveria ter chorado?

Isso me fez pensar em como me comportaria se eu estivesse ao lado do Zico. A primeira resposta foi quase que imediata: “Não... para de pensar bobagem, Rafael. Eu, do lado do Zico... impossível, ele não é deste mundo! É de outra dimensão!”

Mas meu pensamento mantinha-se insistente: “Ah! É apenas uma suposição! Imagine que por um mero acaso eu tenha conseguido estar ao lado do Zico. O que eu faria?”

Mais uma resposta rápida: “Nada”.

E era exatamente isso que eu faria. Provavelmente ficaria sem ação, embolaria palavras, e obviamente ficaria emocionado.

Lembraria de tantos e tantos gols não presenciados, mas vistos repetidamente.

Lembraria de tantas e tantas histórias contadas por meu tio Zé Carlos e adoradas por mim, que me deixavam (e ainda deixam) desgostoso de não ter nascido 15 ou 20 anos antes, porém orgulhoso de ser flamenguista.

Lembrei de parentes e amigos, tão flamenguistas quanto eu (mais é impossível), com quem por tantas vezes dividi a vontade de ter visto o Zico jogar e, principalmente, de ter vivido a melhor fase do Mengão.

Lembrei que me emociono facilmente vendo as entrevistas do Camisa 10 da Gávea, e também assistindo aos jogos beneficentes organizados por ele.

Aí, então, voltei à realidade e respondi minha mãe:

- Claro, se fosse eu ao lado do Zico, certamente choraria...

E pensei comigo mesmo: “Obrigado, Zico! Por tudo que você foi, é e sempre será! E obrigado tio Zé Carlos, por ter me apresentado a alegria de ser rubro-negro!”