Fundamento de cidadania
Não sei o porquê e acho mesmo que nunca saberei o que me motiva a colaborar com as pessoas mais necessitadas, aquelas que são totalmente desprovidas dos meios mais elementares às suas sobrevivências. Desde criança desenvolvi ações no sentido de procurar sanar as dificuldades das pessoas, principalmente em casos de tratamento de saúde. Sempre me lancei de corpo e alma buscando solução para resolver os problemas que se me apresentavam como prioritários na ajuda ao próximo. Envolvi-me em quase todas as vezes que fora acionado para ajudar e fazia campanhas para arrecadar fundos visando minorar o sofrimento dos mais necessitados. Por isso já fiz quase tudo na vida quando o problema era ajuda aos mais carentes. Às vezes chegava em algum hospital e observava como as pessoas eram maltratadas pela falta do atendimento adequado, indispensável a qualquer ser humano. Quando isso acontecia, minha indignação era tamanha e passava a me interessar por esses casos e, na maioria das vezes, pela minha interferência, conseguia resolver satisfatoriamente essas paradas.
Um dia, relembro-me, estava adentrando em um hospital pronto socorro para visitar uma amiga doente, vejo, na entrada deste pronto socorro, um motoqueiro, um rapaz aparentando seus 25 anos, que saia daquele estabelecimento amparado por seu pai com uma brecha na face acima dos maxilares sem ser atendido. Imediatamente perguntei ao pai do rapaz o motivo pelo qual não conseguiram atendimento. O senhor respondera-me que o hospital não tinha no estoque o fio importado que o médico precisava para fazer a respectiva sutura no rosto do filho. Disse-lhes, não saiam daqui vou tentar ajudar-lhes. Conversei com o médico que confirmara a versão daquele pai. Chamei um motorista de Táxi conhecido e dei-lhe algum dinheiro para ver se conseguia comprar o tal fio de sutura. Após uns vinte minutos aquele taxista me aparece com a encomenda na mão. O caso fora devidamente solucionado.
Mas não ajudava somente nos problemas ligados à saúde, ajudava também em problemas de exclusão social, como se vê a seguir. Na cidade onde residia em Mato Grosso, existia o Ozório, um pernambucano, que volta e meia estava às voltas com a polícia e era tido como assassino perigoso. Apesar disso, eu o via como uma pessoa boa, que ainda não havia se encontrado na vida, justamente por falta de oportunidades. Sempre conversava com ele tentando lhe passar que não era lícito tirar a vida do semelhante. Dizia-lhe que qualquer hora dessas o grande Arquiteto do Universo poderia lhe cobrar pelo cometimento desses desatinos. Pareceu-me que ele queria realmente mudar de vida. Comprei, com certo sacrifício, uma máquina metálica de descascar laranjas acompanhada de 3 caixas de laranjas e dei lhe de presente para ele começar na nova profissão. Resultado, o Ozório mudou de vida e passou a ser respeitado pelas pessoas e a ultima notícia que dele tenho é de que regenerou de vez e até constituiu família.
Embora sendo apolítico e não sendo pessoa abastada, quando eu queria ajudar alguém, até eu mesmo ficava surpreso com as facilidades que encontrava e encontro, parece até que as altas hierarquias cósmicas se movimentam para proporcionar-me o devido respaldo para que as coisas aconteçam positivamente. Por isso, todas as vezes que resolvo um problema dessa ordem, não posso me furtar de dizer: sinto uma pontinha de orgulho pessoal, que me faz relembrar de um trecho de uma música do saudoso Raul Seixas, que diz: “O que eu quero eu vou conseguir. Pois quando eu quero todos querem. Quando eu quero todo mundo pede mais. E pede bis, e pede mais...”