ESCREVER MENOS SOBRE O QUE JÁ É DEMAIS

ESCREVER MENOS SOBRE O QUE JÁ É DEMAIS

Marília L. Paixão

Parece que eu não sei sair daqui.

Parece que eu não sei me despedir das coisas que eu mais gosto.

E enquanto posso não me calar, grito a favor de tudo que acredito.

Não saberia fingir de morta estando bem viva. Essa é a Marília!

Parece mesmo é que não quero morrer antes de deixar para trás algo bem feito e tenho me esforçado cada dia sim e dez não com tanta imperfeição.

Parece que tenho escrito pouco e procurado viver muito, mas na verdade eu preciso escrever mais sobre o que já vivi porque viver parece cada vez mais comum e menos complicado, mas tudo acontece ao contrário.

Quantas pessoas começam a sorrir e depois choram?

Quantas pessoas parecem não poder sequer chorar mais?

Quantas pessoas se tornando individuais demais?

E tantos grupos individuais se formando e se tornando influenciáveis, perigosos e com aparência frágil. Apenas aparência.

Que idade possuem esses jovens que se vestem com roupas que sequer lhe servem e nem deveria servir?

E estes também não são os jovens que se deixam monitorizar por falsos jovens que são até idosos demais?

É tudo virtual, é tudo filosoficamente pouco instável, nada tocável e assuntos se misturam demais.

Volto ao meu ego, superego, super esforço de um super esboço.

Ainda não fui, gostaria de dizer “não vou”, pode ser até que serei...

Um dia terei ido. O fim da batalha é o fim do próprio umbigo.

Escolho as ruas por onde ando, mas isso é hoje.

Ontem eu via as ruas e as ruas não me viam, pareciam rir dos meus sonhos.

Eu não quebrava o salto, mas também não deixava nenhum sangue na rua, mas tem quem deixa.

Aos trancos e barrancos eu sobrevivo e ainda acho a vida boa demais.

É boa depois de absorvida em pequenos goles de café. De preferência não solúvel. Só mesmo a Tânia Orsi para tomar um solúvel enquanto desenha paisagens bonitas demais.

Existem seres que são mesmo melhores que outros. Existem...

Enquanto isso pode continuar contando quantas vezes eu escrevo a palavra “demais”.

Que na verdade este é o objetivo deste texto que pode estar lhe cansando, trocar a palavra demais por “menos”.

Afinal, seria bom se as pessoas escrevessem menos coisas defendendo coisas que são ruins demais, principalmente os nossos amigos. Se pelo menos eles parassem de ficar proliferando o que existe e que já é ruim por existir! Ficar defendendo algozes é demais!

Precisamos é conseguir transformar o que é ruim em menos. Menos ruindade e mais tolerância. Menos autoritarismo e mais compreensão. O silêncio já compromete. A manifestação tem que ser para o bem memorável. Vale escrever mais em prol dos oprimidos e não dos opressores. Estes não precisam de defensores. Já sobrevivem de forma gigantesca permeando o mal sem olhar a quem. Instituição do bem? Para que defender o que já impera sem a nossa aprovação ou não? Para que defender o que já se sustenta desde milênios sendo de forma errada ou não? O caos não é proveniente deste excesso de rigores? A nova literatura tem que abrir projetos para novos amores e não novas dores. Podem saber que estou quietinha no meu canto mas fazendo a minha parte. Depois vocês verão. Adianto que está ficando muito bom!

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 15/06/2008
Reeditado em 17/06/2008
Código do texto: T1035660
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