No chicote do Indy
Sabe quando você é transportado num recuo para outro período da sua vida, um dos pregressos, que você viveu e viu? Pois é, dia dos namorados fui ao cinema com meu marido, ver Indiana Jones 4. E me transportei à década de 80, que não foi ruim exceto pelas golas imensas, ombreiras e cabelos tipo leão sapecado.
O filme, para a molecada, é até monótono. Não tem ciberspace, não tem nada de novo, e o ator "um velho de 60 anos" não convence muito. Também, a molecada não conhece o encanto dos filmes onde os tiros são muitos e o sangue pouco, onde a ameaça mais terrível é a perda da liberdade de pensamento, onde os comunistas, que se sabia comer criancinhas, não são gente de verdade, mas sim monstros esquisitos e não humanos e onde um velhinho pode usar o chicote com maestria (eu particularmente acho que ele usou pouco neste filme).
Hoje, na vida e nos filmes que a imitam, rios de sangue cobrem uma terra devastada onde não crescem senão as ervas daninhas do sucesso a qualquer custo e do "eu sou foda e vou te ferrar". Onde a liberdade de pensamento é coisa em extinção mais provável que o mico-leão-dourado e no dobro da velocidade, basta ver as "tribos" da juventude...emos, góticos e afins... embora não tenha nada contra eles individualmente e como pessoa, acho uma pobreza pensar igual, mais que vestir igual. Há vinte e sete anos, a gente só queria ser diferente, até no exagero...era péssimo encontrar numa festa gente vestida e maquiada igual, aliás conheci gente disposta a voltar pra casa por causa disso.
Hoje os meninos só querem parecer uns com os outros, ser ninguém em meio a muitos.
Meninos que eu, ao longo da minha experiência como educadora, mãe e observadora, vejo assumir uma sexualidade dúbia, ou bissexual, por que não conseguem desenvolver senão o gosto pelo que é seguro e igual, onde não há desafio e nem o enigma do sexo oposto.
Gente jovem, que desconhece política, as implicações e consequências decorrentes deste desconhecimento, que preferem a zona límbica e plumbífica da atitude de desprezo e inconsequência. Seguidores de ídolos imbecis, que os usam comercialmente (jamais acreditei que o tal Marilyn Mason dorme e acorda com aquela produção toda, quando ele chega do show, tira as lentes, toma banho e fala: o que tem pra comer?) e os perde cada vez mais no paraíso do consumo e do desconhecimento.
Mas, enfim, lá se vão vinte e tantos anos e eu ainda adoro Indiana Jones.
O T-REX não apareceu, não sei por que.
PS: explico por que é preciso, que nada tenho contra emos e góticos, não os discrimino. Essa é apenas minha opinião, expressa de modo sincero, não corresponde necessariamente à verdade e não tem por objetivo criar polêmica ideológica.