Adeus, José Afrânio Moreira Duarte
Adeus, José Afrânio Moreira Duarte
Foi no dia 03 de junho de 2008 que dissemos o terreno adeus ao amigo José Afrânio Moreira Duarte.
Um enfarto do miocárdio, silencioso e fulminante, fez o término de sua jornada. Silencioso porque sua missão era de fazer a passagem. Seus sintomas na interpretação dos leigos não seriam de infarto, já que o conjunto de sintomas estava também ligado às antigas enfermidades de que nosso amigo padecia.
Houve falas sinceras de amigos, embora vestidas de cargos de Presidente da AML-Academia Mineira de Letras, de Dr. Murilo Badaró, de Presidente Emérito da Amulmig-Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, de Dr. Luiz Carlos Abritta, de membro Afemil-Academia Feminina Mineira de Letras, de Dra. Ismaília de Moura Nunes. Além de outras da AML, da acadêmica da Afemil e da Amulmig, Auxiliadora de Carvalho e Lago, da presidente emérita da Afemil Antonia Rodrigues Sá, do poeta Joaquim Palmeira-Wilmar Silva. E tantos outros parentes, amigos, poetas, cidadãos e escritores alvinopolenses, da terra natal amada e pranteada pelo nosso amigo, que não conseguiram prender o sentimento e calar a voz. Por trás das palavras, a pujança do sentimento da perda irrecuperável, o consolo mútuo.
Do meu saber e conviver José Afrânio Moreira Duarte posso dizer que não vestiu a pele de lobo ou a de cordeiro – nem a simultaneidade ou a contradição. Passou a vida vestido de criança, transitou no sim e no não. Não trilhou o talvez, nem o acho para se mostrar às pessoas. Nem no convívio diário ou esporádico, nem para elogiar ou analisar uma obra de outrem. A sinceridade pueril foi, a meu ver, sua maior e grata característica. Seus amigos se multiplicaram dia após dia, rompendo barreiras físicas e está em todos os cantos da nossa Terra, e além dela nos que já partiram, porque não se contentava com o próprio saber, mas procurava abri-lo, enriquecê-lo e compartilhá-lo com todos que estivessem receptivos a sua amizade. Sempre procurou somar e multiplicar, sem se preocupar em apontar números dessas operações que só são mensuráveis pela alma.
Ouvindo as despedidas, lembrei-me de seu poema “Menino morto”, do livro Tempo de Narciso. Eu via aquela urna travestir-se de branca, e todos nós ali, adultos-meninos-e-meninas vestidos do branco do nosso sentimento, ouvindo, falando, mãos unidas num pai-nosso, e a seguir acompanhando o amigo José Afrânio Moreira Duarte à sua última e definitiva morada na Terra. Derradeiros amigos, na esperança de um dia voltar a nos encontrarmos.
Minha voz calou-se. Somente hoje, no terceiro dia, a verdade se instalou: ele se foi e, no entanto, sua presença é viva pelos atos, pelos passos que registrou na memória da nossa vida terrena.
Essa perpetuidade ao mesmo tempo em que me assusta, torna-me plena, pois o como passamos nesta vida é o como nos registramos nessa memória.
E por certo ele, menino franciscano, ficará a nos alegrar.
Adeus, José Afrânio Moreira Duarte, bacharel em direito, membro da AML e da AMULMIG, escritor – prosador e poeta, crítico literário, descobridor de talentos, mineiro de Alvinópolis e um Amigo para todo sempre. Até um dia!
Angela Togeiro desde Belo Horizonte/MG-Brasil