No Imaginário



Madrugada fria e solitária. Todos já se recolheram aos seus lares empurrados pela temperatura gelada que se instalou na cidade. Alguns corpos tentam se aprumar sobre as calçadas, encolhidos na posição fetal cobertos por andrajos e papelões.A vida se escoa por entre os dedos do universo.

O poeta teima em não dormir ansioso por extravasar a sua arte em forma de um poema capaz de expressar toda a beleza que ele enxerga em tudo que lhe rodeia.Rabisca laudas e laudas, amassa-as e joga-as, com raiva, dentro do cesto de papéis. As horas voam e ele não consegue decifrar o poema que está palpitando na sua alma. Em fúria, caminha dentro do seu quarto, qual um lobo enjaulado ansioso por se libertar e devorar a sua presa, movido por uma fome incontida. Cabelos desgrenhados, face congesta, mãos suarentas e frias é assim que ele se encontra no auge da sua tortura. Entrega-se à evidência.Fugiu-lhe a inspiração!!

Deita-se ansiando por um sono reparador. Diante dos seus olhos se desdobra uma lauda completamente tomada pelos mais ricos versos até então nunca vistos por qualquer olhar do mundo. Retoma a sua escrivaninha, diante da sua máquina silenciosa aguarda o sinal para iniciar a transcrição. Apagam-se as luzes e o poeta solitário se rende mais uma vez. Deita e dorme. Acorda ressabiado e mais do que nunca, solitário. Almejou escrever uma crônica mas esta, ainda se encontra no imaginário.




Bjjsssssoninha.  PAZ!
Imagem:http://www.pucsp.br/pos/
ped/rsee/semana2005.htm