COLHERES DE AFETO
COLHERES DE AFETO
Marília L. Paixão
Poderia escrever muitos nomes na areia. Poderia da areia desenterrar muitos nomes que nunca vi. Também posso nem estar olhando a areia enquanto contemplo este branco espaço pronto para ser possuído por minhas apressadas letras. São dessas que eu gosto mais. Dessas letras que convido e que parecem sobrevoarem tranquilamente sobre meus dedos. Meus dedos são como os seus. É! Exatamente como os de quem me lê. Sem magia. Apenas sobreviventes espertos no mar eufórico das letras. Tudo que posso vocês podem. Não há varinha de condão em mim. Há em você?
Hoje não estou bem e nem estou mal. Hoje estou mais para me despedir do feriado. Vale tudo que eu fiz e não importa o que não fiz. Vale o sonhar e não o que não sonhei. Vale o que escrevi e ainda não mudei de um computador para outro. Vale o que é para vocês e que não postei ainda. Nada tem que ser obrigatório. Nem nomes ou letras, nem vozes ou gretas, sequer novas notícias da cidade e do mundo. O mais importante é que quando estou aqui encontro vocês.
Pode ser por ruas cheias de minérios, pode ser por escadas ou elevadores. Pode ser por jardins sinceros com longas alamedas. O lado mais humano do ser humano está cada vez mais difícil de ser encontrado. O bom é que nos encontramos com uma afinidade gostosa. Somos cúmplices do nosso bom gosto. Temos trezentos ideais diferentes e escrevemos sobre os traços dos nossos próprios rostos.
Eu sou feliz com vocês! Eu sou feliz com o ar que respiro toda vez que muito o respiro. Sabe quando você pára para sentir o ar? É disso que estou falando. Destes momentos. Momentos em que não demoro cinco minutos com as palavras com as quais me dirijo a vocês. Pois estar com vocês é não precisar de palavras e ao mesmo tempo não saber respirar sem elas. É como preparar um café e olhar para as xícaras transparentes tentando adivinhar qual seria a medida certa do pó para a xícara de cada um. Mas não há preocupação nenhuma. Há pó suficiente para todos nós. Estamos acostumados a nos servir aos pouquinhos. Este café acabou? Faremos outro! Está do seu gosto?
Amamos-nos lentamente, mas não falamos deste amor. Deve ser onde pecamos. Mas pecar também é literário e depende de como somos lidos. Eu peco quando falo mal e não gosto de escrever palavrão. Pode averiguar que todo texto em que entorno palavras feias eu não o sustento por muito tempo. Chega uma hora em que o tiro das minhas vistas, pois eu me releio e não gosto quando me atrevo a ser tão comum com raivas tristes. Mas minhas raivas não perduram. Graças a Deus nunca perduraram. Eu gosto é de alcançar a alegria, principalmente através da escrita. E o que mais gosto aqui é de compartilhar bom ar com todos vocês. Sobra afeto do início ao fim. sobra, sim!