CINEMA - O JAPÃO SOB A LENTE DE SEUS HISTORIADORES
Ainda no meu tempo de garoto ouvi muito se falar que "O povo japonês se curva para o imperador, e o imperador se curva para os professores". Na verdade o imperador curva-se para os "seus" professores... No início da década de 1980 li o maravilhoso livro Xógum (título original: Shōgun), um romance escrito em 1975 por James Clavell (1921-1994) ambientado por volta de 1600. Creio que foi o maior livro que já li, com mil duzentos e tantas páginas distribuídas em dois volumes. Depois li outros livros, geralmente relacionados às experiências japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Aqui na minha "Filmoteca Ben Johnson" tenho cinco DVDs com a série Xógum completa, estrelado pelos maravilhosos atores Richard Chamberlain, Toshirô Mifune (1920-1997), a belíssima atriz japonesa Yôko Shimada (1953-2022), entre outros. Todo o elenco é impecável e, exceto os personagens europeus, a grande maioria do elenco é formada por japoneses, bem como quase toda a equipe técnica, uma vez que aquela série da NBC, dirigida por Jerry London e o roteiro de Eric Bercovici(1933-2014) baseado no livro de Clavell, foi toda rodada com locações no Japão. Pois bem, ali comecei a ver outra imagem dos japoneses e, confesso, me apaixonei por sua cultura (exceto comer peixe cru e também as artes marciais - uma vez que não tenho admiração por NENHUM tipo de luta) e suas lindas, sorridentes, e polidas gueixas. Na verdade a minha imagem de japoneses, até então, era aquela do soldado "abestalhado" perdido nas selvas asiáticas, em ilhas do Pacífico, ou aqueles japoneses excessivamente cruéis, "criados" por Hollywood, é bem verdade, sendo mortos por John Wayne e por outros "heróis" do cinema americano. Já escrevi uma vez e repito: nenhum soldado foi mais eficiente, durante a Segunda Guerra Mundial, que o soldado japonês - vivendo sob a rígida disciplina do Código de Honra chamado Bushido, cujas principais virtudes são Justiça ( GI ), Coragem ( YUU ), Benevolência ( JIN ), Educação ( REI ), Sinceridade ( MAKOTO ), Honra ( MEIYO ) e Lealdade ( CHUUGI ). Ainda nos anos de 1980 tive "meia-dúzia de três ou foram quatro" correspondentes nipônicos para a troca de selos postais. A filatelia japonesa também me encantou e cheguei a ter uma modesta, mas muito bonita, coleção de selos postais do pais do "Sol Nascente". Com o advento do VHS passei a ver filmes onde a cultura japonesa permeava o enredo. Foi quando aprendi a apreciar a obra de Nagisa Ōshima (1932-2013), Kinji Fukasaku, Yojiro Takita, Keisuke Kinoshita (1912-1998), Kinji Fukasaku (1930-2003), Toshio Masuda, entre tantos outros. Mas a obra que mais me impressionou foi a do grande Yasujiro Ozu (1903-1963), falecido no dia de seu aniversário de 60 anos (12 de dezembro de 1963). Enquanto que, para mim, o cineasta norte-americano John Ford (1894-1973) foi o maior contador de histórias do povo dos Estados Unidos, Ozu fez o mesmo para o Japão. Por fim, não posso deixar de citar outro grande cineasta japonês: Akira Kurosawa. E quando conheci seus trabalhos descobri a sua obra-prima, intitulada "Madadayo" (1993). Recomendo!
Chico Potengy. 🎬🇯🇵🌵