O melhor lugar do mundo
De vez em quando parece que não conseguimos achar nosso lugar no mundo. Enormes desafios pessoais que precisamos enfrentar, mudanças no mundo, com fundo geopolítico, político ou econômico, sentimento de insegurança que muitas vezes a vida moderna nos apresenta face a face, enfim, o mundo parece mais assustador, mais violento e mais desesperador.
Mas, parece, não necessariamente é!
Como na reflexão trazida por Hans Rosling no livro “Factfullness o hábito libertador de só ter opiniões baseadas em fatos”, ele nos alerta que somos induzidos ao pessimismo pela exploração da exaltação da tragédia.
Nos falta conhecimento dos grandes números e das grandes questões. Ficamos na periferia do conhecimento. Lemos a manchete. Conversamos no cafezinho. Armadilha da vida moderna do excesso de informação e pouca profundidade.
O mundo parece de fato mais assustador do que realmente é! Não nos sentimos mais em casa.
Hannah Arendt, pensadora alemã de origem judia, obrigada a deixar seu pais em função da segunda grande guerra, escreveu que há eventos que promovem rupturas em nossa existência, impedindo que o mundo permaneça sendo a casa que nos acolhe e abriga, precisamos desesperadamente compreendê-los (estes eventos), para que possamos nos reconciliar com esse mesmo mundo e voltarmos a nos sentir em casa nele.
Reconciliar. Verbo transitivo direto ou bitransitivo que significa estabelecer a paz, harmonizar-se, fazer as pazes.
Mas é impossível reconciliar-se na ignorância. A ignorância faz crescer as distâncias. Afasta. Distancia. O conhecimento deixa as coisas mais claras. Traz maior compreensão. Aproxima.
E um conhecimento em especial traz a tão desejada PAZ DE ESPÍRITO.
Conheça a si mesmo. Máxima Délfica, um dos 147 aforismos escritos no Templo de Delfos (máximas que recomento a leitura).
E sem conhecimento minha cara, meu caro, sem conhecer-se, suas possibilidades de reconciliação, de voltar a se sentir em casa em nosso mundo, em nossos empregos, em nossas relações, ficam muita reduzidas.
E o melhor lugar do mundo?
Respondo recorrendo a Guimarães Rosa.
O MELHOR LUGAR DO MUNDO É A SOLA DO MEU CHINELO, pois é lá que eu estou. E quando estou pleno comigo levo este lugar para onde for.