Um Dia de Náusea e o Desejo de Liberdade
Acordo com o corpo dolorido. Na noite anterior, dormi cedo, vencido pelo cansaço das atividades do dia a dia. O círculo vicioso de acordar cedo, trabalhar oito horas, chegar à noite em casa estafado, com os ânimos destroçados pelos afazeres repetitivos e cansativos.
Nessa estafa, um grande mal-estar, aquela náusea sartreana, que vês ou outra corrompe os neurônios. E diante dela a incômoda questão: para que tudo isso? Surge uma vontade de abandonar tudo, de se tornar inerte perante as obrigações e pedregulhos protocolares que estão sobre minhas costas. Mas é com esse cansaço existencial que vou dormir. Fecho os olhos com a sensação de desconforto, um sentimento de desconexão, como se o mundo e os afazeres que me impõe perdessem seu sentido e trouxessem pouco contentamento aos meus dias.
Na manhã seguinte, a querida mãe, no meu rosto, percebe o meu desgosto e pergunta: “O que está acontecendo, filho?” Eu, disfarçadamente, para não expor toda a náusea vivida, respondo com um sorriso amarelo. Depois disso, olho antigas fotos nas quais estava na praia, ao lado de uma placa que dizia: “Na praia as pessoas são muito mais felizes.”
Termino o café da manhã, sigo o caminho de rato de laboratório para o trabalho. Enquanto caminho na calçada, uma canção do Pearl Jam ecoa nos meus ouvidos: “Continuo vivo, eu ainda quero viver.” E assim sigo para o abatedouro de egos, o trabalho, com grande mal-estar, desânimo, mas sabendo que continuo vivo e que posso com atitudes reorganizar minha liberdade.
30.10.2024